quarta-feira, abril 14, 2004

another working day

A morte de duas pessoas no Hospital de Lagos é paradigmática do modo como a “merda” está organizada.
A ordem dos médicos diz que a culpa é do medicamento genérico utilizado. O ministério da saúde concluiu no relatório preliminar, que a culpa é da médica anestesista. Este é o paradigma: a ordem dos médicos diz que os médicos não erram na anestesia e o ministério diz que os seus funcionários não erram na escolha dos medicamentos. Ou seja: os que praticaram os actos são os mesmos que julgam os actos por eles praticados. Chama-se a isto ser juiz em causa própria o que define logo o grau de justiça das decisões.

O que ofende aqui é que, apesar de tudo, há duas famílias que perderam dois membros e que, por isso, têm: primeiro, direito a saber de quem, ou de quê foi a culpa; segundo direito a receber uma indemnização pelas mortes. Ora, os responsáveis, médicos e infarmed, negando cada um deles a sua responsabilidade concreta tornam esses dois direitos básicos das famílias impossíveis de concretizar.

Mas afinal é para isso que servem as Ordens e os ministérios.

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