segunda-feira, janeiro 26, 2004

Universalidade

Depois de ter visto um jogador da bola morto num campo de futebol, perguntei-me qual a razão de tal imagem ser mais intensa que as imagens de outros mortos que se vêm todos os dias na televisão.

A razão: foi ontem, não se viu mais um morto na televisão, ontem foi a própria Morte que apareceu. A grande diferença entre aquelas imagens do jogador e as imagens de corpos mutilados por bombas em Israel, é que, no segundo caso a Morte já passou, deixando apenas os sinais da sua obra. No jogo de ontem, pudemos ver a Morte em acção, a Morte que verga o Homem, a morte que o faz cair sem apoio; ontem não se viu um homem morto viu-se um Homem a morrer. E, um Homem a morrer, ainda tem um pouco de vida, tal como nós.

E é neste "tal como nós" que reside a intensidade das imagens de ontem.

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