sexta-feira, janeiro 23, 2004

Em cada defeito uma doença, ou a vida na era do politicamente correcto

Há uns dias um amigo contava-me a história de uma senhora casada que ataca tudo o que mexe, desde que seja do sexo masculino e sentado no passeio chegue com os pés à estrada. E acrescentava, compungido, “É ninfomaníaca…”
Ora nos bons velhos tempos, meus amigos, esta senhora seria uma doida, ou, tendo em conta o matrimónio, uma rameira.

Mas é assim nos tempos modernos: para cada defeito descoberto na humanidade há um cientista que aparece com uma doença.
Os que dantes eram ladrões, são hoje cleptomaníacos.
Os que eram drogadolas, passaram a toxicodependentes.
Os filhos da mãe que nos incendiavam as matas, são agora pirómanos.
Os doidos têm um infindável menu de quadros psiquiátricos de onde podem escolher o mais refinado.
Os gordos passaram a obesos; as que não comem a anorécticas.
Os burros e os jotinhas (perdoem-me a redundância, como diria o Pipi), têm um QE elevado.
As bichas são hoje homossexuais*.
Os maus, sem carácter, vigaristas e afins, são como são e ninguém tem nada com isso.

Em breve serão descobertas novas doenças que tornarão aceitáveis a pedofilia e a agressão (senhores cientistas, já estão atrasados!).

Esta era do politicamente correcto, onde nada nem ninguém é criticável, em que temos de aceitar cada um como é e já nem os miúdos gozam com os caixa-de-óculos nas escolas, é uma seca! Por onde vai o humor nestes tempos? Com o que será permitido fazer piadas daqui a dez anos?
Uma coisa é certa: no futuro não haverá necessidade de prisões, mas ao contrário do que acontecia na terra com que nos fez sonhar o Jorge Palma, os hospitais irão crescer e multiplicar-se.

*neste caso não se trata de uma doença, porque o lobby gay não deixaria, mas de uma opção sexual que há que respeitar na mesma.

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