Turbilhão
Ela sente que o momento que chega é de mudança. Mais um que julga decisivo – como já julgou outros, no passado. Há sempre aquela sensação estranha no peito, aquela aflição contida de quem tenta o salto para o desconhecido. Sempre a angústia do que se quer ter e ainda se não tem e também o medo do que por certo se irá perder. As frases que decidiu ainda não dizer estão ansiosas. Querem saltar, fugir, agir.
A desculpa é fácil, nesta altura do ano: é altura de mudança. Na verdade não é nada disso. A verdade é que muitas vezes há algo que decide a mudança por nós. E não escolhe dia, nem mês, nem hora. Limita-se a empurrar-nos para um mundo novo, do qual, mesmo antes de chegarmos, mesmo antes de sabermos se chegaremos a partir, conseguimos adivinhar a aventura e o turbilhão de emoções que tem para nos oferecer. O papel dela é simples: fugir ou viver.
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