quinta-feira, março 20, 2008

Não estou de Acordo!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990

http://orto.no.sapo.pt/

Sinto-me um imigrante dentro do meu próprio país quando já não reconheço a minha própria língua. Não bastando os constantes atropelos que a vejo sofrer no meu local de trabalho, coisa que, confesso, me arrepia de um modo que roça a intransigência, levando-me, por vezes, a não conter algumas respostas irónicas que me poderão um dia sair caras ou a ferir os sentimentos de alguém (como é que se corrige alguém que passa o dia a dizer "fostes" sem a clássica resposta, que, aposto, passaria despercebida, "Reparastes? Já não digo vistes!"), arruinando o bom ambiente de trabalho que tanto custou a construir, atropelos esses cometidos tanto por quem vive no topo da pirâmide como pela base e ainda, vantagem duvidosa bem sei, com o bónus de chacinarem também o inglês quando a sede de sangue gramatical não fica saciada com a barbárie cometida contra a língua materna, somam-se-lhe ainda os autênticos estrangeirismos nacionais como pips (people, malta, turma) e cubs (cubo, cubíbulo, casa), estes oriundos desse glorioso viveiro onde se reinventa e renova constantemente a língua de Camões, a margem sul.

Não querendo ser um velho do Restelo nesta ou noutras matérias e sabendo que a velocidade das mudanças (sociais, económicas, tecnológicas,...) tende a aumentar de dia para dia na nossa sociedade, deixando rapidamente para trás os cadáveres (metafóricos) ressequidos e esquecidos de quem não se adaptou, custa-me a aceitar sem uma razão solidamente sustentada toda ou qualquer mudança só porque alguns (aos quais não reconheço superiores competências na matéria) decididaram que seria assim e, quase exclusivamente, por critérios economicistas ou de suposto fortalecimento e união dos falantes da língua. Admito alguma nostalgia ligada aos meus argumentos, assim como algum receio de ter de reaprender noções e conceitos que dava como adquiridos para sempre mas que me interessa se passamos a ser muitos mais a usar algo coerente e consistentemente se o que iremos usar é, para mim, menos rico e de pior qualidade? E porquê tamanha aproximação ao brasileiro (sendo que não tenho nenhum sentimento contra aquele país ou língua, bem pelo contrário até por causa das minhas próprias raízes)?

Ninguém pára para pensar? Ou melhor, ninguém para para pensar?

(Versão 2.0: Correcção de um erro gramatical graças à atenta revisão de um anónimo leitor. Vide comentários anexos)

10 comentários:

Anónimo disse...

E frasezitas de 14 linhas sem um único ponto final pelo meio? Isso é quase como ser-se atropelado pelo Alfa Pendular! Tem mais classe do que apanhar de frente com um Seat Ibiza... mas "diz que também aleija"!
Quanto aos estrangeirismos... nacionais (???), não deve nunca substimar a sua utilidade! Se o cavalheiro usasse, por exemplo, a expressão "alguns mens" (em vez de "alguém"), para se referir aos orquestradores das mudanças que tanto lhe custam a aceitar, ganharia a concordância com "aos quais" e teria, não só um parêntesis mais airoso, como mais autoridade para não reconhecer superiores competências aos referidos "mens". Como vê, às vezes dá jeito que alguém reinvente e renove a língua de Camões. Já a arrogância, não só não ajuda ninguém a sair das "margens sul" deste mundo, como nem com a ajuda da ASAE vai conseguir acabar com tais viveiros.

Catarse disse...

(Cuidado. Respire fundo e sente-se confortavelmente. Se não me enganei novamente, a frase abaixo tem para cima de uma estupidez de linhas e, certamente, ainda mais erros.)

Se falhei na concordância singular plural que menciona tão eloquentemente, peço-lhe desculpas e aproveito para lhe gabar o esforço que me dedicou durante todo o parágrafo. Sinto-me honrado com tamanha dedicação. Não me vou, no entanto, dar ao trabalho, lamento, de retribuir o favor escrutinando todo o seu texto em busca de algum lapso porque já me apercebi que estou na presença de um ser perfeito, de tal elevação e sapiência que não me seria possível, com as minhas parcas capacidades que reconheço como tal ainda que tenha a coragem (ou deveria dizer desfaçatez) as para assinar, assinalar-lhe qualquer erro, certamente fortuito.

Quanto à minha opinião sobre o português específico da margem sul, entenda-se que generalizei grosseiramente sem intenção de meter tudo no mesmo saco ou de fazer juízos de valor. Limitei-me a basear este texto numa conversa tida com um morador local que se queixava, brincalhão, do tipo de linguagem que ouvia e começava a utilizar no dia a dia. Outras zonas do país terão, estou certo, piores (melhores ou, para não correr o risco de o ofender novamente, diferentes) hábitos linguísticos que esta. Acrescento ainda que não faz parte dos meus planos futuros ajudar seja quem for a sair seja de onde for com estes textos dado o seu impacto menor na grande ordem das coisas, esfera a que certamente pertence e de onde emana assertivas directrizes que nos guiarão a todos rumo ao nirvana da civilização ocidental, mas tê-lo-ei em consideração futuramente agora que me apercebi do público alvo para o qual redijo.

Estrangeirismos nacionais... sim, terei usado alguma liberdade criativa e talvez mesmo, que abuso o meu, um ou outro recurso estilístico mas penso que conseguirá sozinho chegar ao que pretendi expressar.

Por último, quando for finalmente atropelado pelo tal alfa pendular de que fala, terei todo o gosto em obsequiá-lo com 14 linhas totalmente desprovidas de pontuação em jeito de elogio fúnebre. Esteja à vontade para o rever.

Catarse disse...

Eh pá, chavalo, usei futuro e futuramente na mesma frase... que cena, meu. Risca o futuro, ok? Salvo seja. Yo!

IM disse...

Estamos de acordo, Catarse, de acordo e o menino não se apoquente, pois escreve muito bem...às vezes lá põe o "tem que", mas a velha IM perdoa!!! eheheheeheheh...
Agora muito a sério...eu não sei como vou (se vou) conseguir voltar a aprender a escrever...tsss....

Anónimo disse...

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g. disse...

Ó prof....Então aparecem aí uns "paínhos" anónimos para lhe darem cabo da Chafarica!
Eu cá não tinha paciência e corria com eles - no mínimo - para um programa da Dr. Edite Estrela!

Agora que o meu alter-ego da margem sul já falou, tenho a dizer que estou com Catarse. (E que adorei a vassourada que deu ao sr. anónimo. De chorar a rir!)
As pesssoas podem dizer o que quiserem (e as correcções são, seguramente, bem vindas), desde que respeitem os outros e não entrem em registo de Júpiter das letras nacionais.
Quanto a expressões como "vistes" ou títulos como "Salazar, the musical" são questões que, também a mim, me fazem "encaracolar as unhas dos pés". ;)

Catarse disse...

Eheheh... eu até gosto de um bom "bate-boca". Quantos são? Quantos são? Eheheheh... Nunca removi nenhum comentário daqui por mais rude ou mal educado que possa ter sido (não digo que não possa vir a acontecer se for denmasiado desagradável) e acho bem que discordem, corrigem, barafustem à vontade sobre o que escrevo. Desde que saibam que pode haver resposta nos mesmos moldes e que essa resposta depende do sentido de humor e estado de espírito da altura... ;)))

Gracias mil, pikenas, pelo reforço de confiança orto-estilo-gramatical! :) É recíproco!

Anónimo disse...

Não é denmasiado,

é demasiado, demasiado!

Escreva 50 vezes, já não se admitem erros desses!

Catarse disse...

Demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado, demasiado.

Já está. Posso ir para o recreio brincar, dona Edite?

g. disse...

A Sô Dona Edite parece muito severa. Acho que ela só te vai deixar ir brincar quando acabares de ver todos os episódios do "Bem Falar, Bem Escrever" - agora em DVD! ;))