quinta-feira, março 13, 2008

Viking - Strip Bar

Por ocasião da festa pós-ante-estreia dos passaroucos enamorados, calhou por força do destino e das circunstâncias que o cast & crew do filme rumasse ao Cais do Sodré e a este antro em particular. O contraste entre a entourage cinematográfica e os frequentadores habituais do tasco fazia lembrar uma sopa passada com pedaços. O caldo era semelhante mas os legumes inteiros destacavam-se. Mais ainda se destacava uma tríade de dignos personagens entre os locals:

Um Patrick Swayze em versão marinheiro tatuado, degradado e drogado que dançava de braços cruzados sobre o peito, gesto de rockeiro com dedos em riste nas mãos e ar de concentração introspectiva enquanto entoava para si as letras profundas da playlist infernal que emanava da cabine do DJ.

Um ser híbrido de cabelo à la actual Nick Cave revamped para mais careca e mais poupa, óculos dourados redondos, semblante enigmático, olhar perdido e um viveiro de herpes simplex, duplex e triplex em que insistentemente remexia num tique obsessivo-compulsivo.

Uma stripper, Vivianne, mecânica e sem réstia de sensualidade, em regime de exibição despudurada em palco desmontada à saída em pêlo pelo meio da assistência por entre olhares provocadores para a cabine do DJ e um sorriso confiante de quem tem, pelo menos parte, da assistência masculina refém do seu tarimbado corpo.

Decadente. Ambiente estranhamente familiar para a fauna de habitués residentes. Degradante. Pleno de histórias, estórias e personagens absolutamente cativantes e fora do normal. Depravado. Atraente e repulsivo ao mesmo tempo na óptica do observador.

Escasseava por lá classe, nível, sensualidade, limpeza, elevação, dignidade, aprumo, saúde física ou mental.

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