sexta-feira, março 14, 2008

Homens & Mulheres

Li num blog chocolateiro o desabafo de uma amiga sobre o relacionamento entre homens e mulheres. Nem a dita miúda é burra nem acredito que se preste muito a desempenhar tal papel. Por outro lado, há coisas que não são mesmo para perceber ou para meter a foice em seara alheia.
Salvaguardado este ponto, acho que já não vivemos (este nós refere-se principalmente a pessoas da minha geração, cultas, instruídas, inteligentes, emocionalmente estáveis e, no geral, urbanas e evoluídas) numa altura em que se possam manter ou encarnar de livre vontade esses chavões de burras e machistas. É certo que cada um tem aquilo que (faz por) merece(r) e só se mete nas merdas quem quer, pelo que, ultrapassada que está a queima dos sutiãs dos anos 60 (mesmo dado o habitual lag da tradicionalista e conservadora (se calhar mesmo só inerte e preguiçosa) sociedade Portuguesa quanto aos hábitos, usos e costumes) e lutas pela igualdade de deveres e direitos, é tempo de partir para a assunção honesta das diferenças existentes entre géneros, quanto a mim a única e verdadeira maneira de respeitar todos por igual, para facilitar o diálogo que, de vez em quando, parece estar a ser falado em línguas completamente diferentes pelas partes envolvidas. O respeito mútuo, a confiança (tão difícil de recuperar uma vez perdida) e a compreensão são pilares sobre os quais assenta uma relação seja ela de que cariz for e não há, para mim, espaço para imposições autistas lado a lado com amor, amizade e carinho.
Felizmente, a cada dia que passa e por força das imutáveis leis de "mercado", procura e oferta, e se não faltar força de vontade, personalidade e carácter, escasseiam estes dinossauros que caminham para a extinção ou para nichos muito reduzidos.

3 comentários:

IM disse...

Talvez por isso mesmo as relações destes novos tempos são tão efémeras...fartamo-nos de ver supostas acesas paixões que se acabam num ápice, tão depressa como cemeçaram. Penso que o fundamental é perceber que uma relação só pode funcionar quando a igualdade impõe, paradoxalmente, as diferenças. Respeitar a diferença e encontrar o seu lugar. Normalmente, as pessoas querem reduzir o outro a si próprias ou ver nele um extensão de si...

g. disse...

Não diria melhor, cara amiga. Di-a-lo-go é muito bom...Quando é possível...

Catarse disse...

a efemeridade é sinal dos tempos em que vivemos... se isso se reflecte depois nas relações algum significado terá... se calhar acabou o tempo das relações para a vida toda porque já não há paciência ou porque já não é assim tão censurável ou porque, na verdade, as coisas têm um prazo de validade que uma vez expirado deixa de fazer sentido tentar esticar à custa de sofrimento. Por outro lado isto conduz ao facilitismo de já poucos se esforçaram por aquilo que querem, aceitando qualquer problema como intransponível e seguindo para a próxima relação...

Por mim, mantenho que pode existir algo que dure "para sempre", desde que bem alimentado, com respeito, confiança, sentido de humor, compreensão e amor para dar e vender, porque afinal, no fundo é disso que se trata: amor!

E também não curto o tradicional abdicar do eu+eu em prol de um nós... têm de continuar a existir duas pessoas completas mesmo que envolvidas numa relação que os aproxima e que tem de ter partilha de tempo, ritmos e objectivos.