Refastelados no carro-vassoura da UE
A UE completou um ciclo de crescimento que nos foi muito incómodo.
O mais difícil de justificar para um país como Portugal é por que é que culpamos as crises europeias quando estamos em crise e, depois, quando a economia europeia está em alta nós não a acompanhamos.
Finalmente o governo pôde respirar: a UE entrou na fase baixa do ciclo económico e Portugal não tardou em acompanhar. Acabámos de ganhar mais cinco anos de desculpas para os nossos fracassos.
A imagem pode estar gasta, mas a verdade é que a UE se assemelha muito a uma velha corrida de bicicletas: o pelotão da frente, sempre muito competitivo; vários grupos a diferentes velocidades que tentam encontrar a sua pedalada; ciclistas que aqui e ali vão buscar forças ao fundo de si (ou ao doping) e conseguem saltar para um grupo mais rápido. A fechar o cortejo, uma velha carrinha de caixa aberta com uma vassoura gasta atada à parte de trás da cabina apanha os corredores que, não conseguindo acompanhar o ritmo de nenhum grupo, desistem. É nessa cabina, ao lado do motorista Barroso, que vai sentado e sorridente Portugal.
A culpa não é da crise na europa nem da crise do mercado imobiliário americano. A culpa é desta sociedade corrupta, injusta e triste que criámos. A culpa é de quem vota. A culpa é de quem não se revolta porque está convencido que uma parte do bolo-podre é para si.
Até quando é que a UE nos transportará pacientemente nos estofos de napa da velha carrinha de caixa aberta?
Sem comentários:
Enviar um comentário