Física aplicada à lá gardere
Enunciados os princípios da incerteza de Heisenberg e o da exclusão de Pauli, é tentador estabelecer paralelismos com as relações humanas e com situações do dia-a-dia...
O primeiro diz-nos, grosso modo, que não podem existir avaliações determinísticas, apenas resultados expressos em probabilidades e, numa expansão do efeito do observador, "quando observas alteras o que perverte o que observaste". O segundo postula que duas partículas idênticas não podem coexistir no mesmo estado, um up-grade do "dois corpos não podem existir ao mesmo tempo no mesmo lugar".
Num sentido mais lato e certamente eivado de erros e imprecisões, o que para o caso nem interessa muito, poderíamos dizer, à luz da incerteza, que o papel de observador isento (ou no dizer popular, "quem está de fora racha lenha") de um acontecimento tem muito que se lhe diga e ainda pior será dar o resultado de uma opção como perfeitamente previsto (traduzindo "estou mesmo a ver no que isto vai dar..."), até porque, como nos diz a exclusão, é mesmo muito difícil estar na pele de outra pessoa ("eu se fosse a ti...") ou avaliar alguém pela primeira impressão ("já te tirei a pinta" ou "conheço-te de ginjeira"), sendo que removo desta afirmação todos aqueles que se definem como "pão pão queijo queijo" e "what you see is what you get" (excelentes pessoas que se enquadram nesta classe, certamente, mas a quem, para mim, lhes falta algo para serem verdadeiramente interessantes).
Igualmente fascinante será aplicar a noção de exclusão a duas pessoas que perseguem o mesmo objectivo. Em que se distinguem uma da outra? Apenas no sucesso de conseguirem o que querem ou também na maneira como lá chegam? ("Os fins justificam os meios?") E quem é o observador isento que determina quem chega na frente? Será verdadeiramente isento na sua apreciação? No processo tudo muda. Os intervenientes, o observador...
Aplicados a mim próprio, diria que é muito difícil olhar para dentro, tentar uma auto-apreciação ("conhece-te a ti mesmo"), primeiro porque, como observador, altero-me sempre que anoto algo, pervertendo a análise ("conhecemo-nos pelos olhos dos outros"); depois porque não consigo coexistir comigo próprio muito tempo no mesmo estado, o que leva a nova transformação que, por sua vez, volta a arruinar o resultado da observação ("queremos ser aquilo que esperam que sejamos").
O primeiro diz-nos, grosso modo, que não podem existir avaliações determinísticas, apenas resultados expressos em probabilidades e, numa expansão do efeito do observador, "quando observas alteras o que perverte o que observaste". O segundo postula que duas partículas idênticas não podem coexistir no mesmo estado, um up-grade do "dois corpos não podem existir ao mesmo tempo no mesmo lugar".
Num sentido mais lato e certamente eivado de erros e imprecisões, o que para o caso nem interessa muito, poderíamos dizer, à luz da incerteza, que o papel de observador isento (ou no dizer popular, "quem está de fora racha lenha") de um acontecimento tem muito que se lhe diga e ainda pior será dar o resultado de uma opção como perfeitamente previsto (traduzindo "estou mesmo a ver no que isto vai dar..."), até porque, como nos diz a exclusão, é mesmo muito difícil estar na pele de outra pessoa ("eu se fosse a ti...") ou avaliar alguém pela primeira impressão ("já te tirei a pinta" ou "conheço-te de ginjeira"), sendo que removo desta afirmação todos aqueles que se definem como "pão pão queijo queijo" e "what you see is what you get" (excelentes pessoas que se enquadram nesta classe, certamente, mas a quem, para mim, lhes falta algo para serem verdadeiramente interessantes).
Igualmente fascinante será aplicar a noção de exclusão a duas pessoas que perseguem o mesmo objectivo. Em que se distinguem uma da outra? Apenas no sucesso de conseguirem o que querem ou também na maneira como lá chegam? ("Os fins justificam os meios?") E quem é o observador isento que determina quem chega na frente? Será verdadeiramente isento na sua apreciação? No processo tudo muda. Os intervenientes, o observador...
Aplicados a mim próprio, diria que é muito difícil olhar para dentro, tentar uma auto-apreciação ("conhece-te a ti mesmo"), primeiro porque, como observador, altero-me sempre que anoto algo, pervertendo a análise ("conhecemo-nos pelos olhos dos outros"); depois porque não consigo coexistir comigo próprio muito tempo no mesmo estado, o que leva a nova transformação que, por sua vez, volta a arruinar o resultado da observação ("queremos ser aquilo que esperam que sejamos").
"Conhece-te a ti mesmo" <=> "Só sei que nada sei"
3 comentários:
(uma notinha introdutória para que não existam confusões ou imprecisões para quem esteja menos "dentro": o "conhece-te a ti mesmo" (socrático, como transparece da ideia)nada tem que ver com a introspecção, com o conhecimento de si como indivíduo; o "só sei que nada sei", também nada tem que ver com o conhecimento de si mesmo, mas antes com o receconhecimento de um certo nível de ignorância, o único que nos permite avançar num patamar de conhecimento...). Apesar de extensa, esta nota introdutória parece-me fundamental pois usa-se e abusa-se de ambas as expressões num contexto perfeitamente alheio a quem as proferiu o que nada ajuda por vezes e entenda-se, propaga muitos mal-entendidos na Filosofia...pronto...
Quanto ao princípio da incerteza, por exemplo, ele tem de facto consequências directas na nossa forma de entender a liberdade, o controlo sobre as coisas e a pretensa objectividade científica que durante muitos séculos foi sinónimo de neutralidade/imparcialidade! Abençoado Heisenberg...
Esse princípio, levado a sério, ajuda-nos a perceber o quão contaminadas são as perspectivas do que quer que seja (tema também este recorrente aqui no Gabardina...)...naõ conseguimos ser em simultâneo objecto de observação e observador...enquanto vamos pulando de forma quase esquizofrénica, de um ao outro, muda o objecto e muda o observador e muda o observador o seu objecto...
e não vou mais longe...não vale a pena...mas penso que daqui ressalta que, contra o que muitos afirmam, o cepticismo gnoseológico faz muito sentido embora seja um grande sapo para o nosso ego de seres racionais digerir...
E termino com a tal eetrna questão da Esfinge : o que é o Homem?
...
tenho de deixar de escrever às cinco da manhã...
Naaaa...não faças isso...os teus posts das 2h da manhã para a frente são sempre os melhores....os menos "filtrados", digamos assim...continua...
;-)
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