quarta-feira, janeiro 17, 2007

Estórias de Sampi, o ET esquizofrénico III – Escolhas

(ver Sampi I e II em Gabardina Setembro 2006)
Como é do conhecimento (aprovado pelo governo para consumo) público, existem, presentemente, cerca de 6 biliões de seres humanos neste planeta. Se contarmos com a capacidade de se deslocar no eixo do tempo que Sampi possui, este número crescerá de um modo perturbador e obsceno, e que, por razões de saúde pública e decoro, nos abstemos de mencionar. (Desculpem, mas muitas vezes uso o plural real para me referir a mim próprio – tenho uma auto-estima bastante saudável, além de que, como referi algures, tenho imensa personalidade, perdão, imensas personalidades – nota do narrador)
Ao aperceber-se deste facto, Sampi sentiu o equivalente em felicidade a 2,6 vezes a potência da bomba de Hiroshima. Escolha! Variedade! Oferta! Foi quase como se a Imelda Marcos tivesse entrado na antiga Biblioteca de Alexandria e gostasse de livros em vez de sapatos! Assim, Sampi, qual turista destemido que chega a uma cidade onde não é conhecido, partiu para a borga, devassa e pilhagem. Um desvario. No início, a coisa nem era muito sofisticada: desde que ainda tivesse dentes e um conjunto funcional de equipamento sensorial e reprodutivo, marchava. Tipo test-drive, Sampi ensaiou corpos de todas as formas, cores, feitios e sexos. E quando não gostava de algum não hesitava em fazer obras profundas, se considerava que tinha algum potencial ou em abandonar a carapaça vazia qual trapo velho. A esta fase experimentalista devemos alguns dos habitantes mais bizarros que marcaram as páginas da nossa história. Para nomear apenas alguns dos mais conhecidos: Marquês de Sade; Merlin; Aleister Crowley; Weird Al Yankovic; Marilyn Manson (óbvio – o gajo original era perfeitamente normal); Michael Jackson; António Variações (de tempos a tempos como músico pop – umas férias bem merecidas); Platão (primeira trip conhecida de LSD com aquela cena da caverna); Yeti – o abominável homem das neves; Cleópatra (alguém no seu perfeito juízo bebe pérolas em vinagre?!); Dennis Rodman (a fase pós-Detroit); o primeiro gajo que bebeu leite de uma vaca (era aquele hominídeo que estava atrás à esquerda na cena inicial do 2001 do Kubrick); Conde Dracul;... Enfim, a lista estende-se...
Lamentavelmente nem sempre se pode dizer que ao sair Sampi fosse dos melhores inquilinos...mas também diga-se que a maioria dos recipientes que Sampi escolheu tinham já dentro de si a semente da demência! Alguns tardavam em recuperar o seu estado normal (poucos o conseguiram na totalidade), sendo que a maioria reteve alguma excentricidade para o resto da sua curta existência (a ciência médica não estava muito avançada; era tramado arranjar um transplante fosse do que fosse antes de 1950 ou psicoterapia antes de Sampimoid Freud). Mas nem todos se podem queixar. Aliás, não fora o frenesim de mudanças por volta do século XV e, provavelmente, hoje não teríamos tido o Renascimento!

4 comentários:

Anónimo disse...

Cara Catarse
Quando o Sr Sampi fala em NÓS, não se trata de um reflexo da sua auto-estima (que nem ponho em causa).
Seguramente que o Sr Sampi se sentirá um membro do grupo (ex: quando faz anos) e, claro, terá os momentos de solidão (ex: quando procura o comando da televisão no sofá). O Sr Sampi é certamente um Homem sofisticado que gosta do que é bom. Revela no seu artigo muito equilibrio emocional e uma vontade de ajudar extremamente qualificada.

...o que me intriga no texto da Sra Catarse (quem admiro muito como escreve e a minha patroa também) é a forma como mistura as personagens que tem na sua cabeça.
às vezes parece enchertado com corno de cabra!!!
Gostava de lhe relembrar, Sra Catarse, que tal como a senhora gostaria de ter sido se calhar, o Weird Al Yankovic foi um brilhante Disk Joquei na Universidade, altura em que estudava arquitectura na California (1979) e que vergonhosamente, Marilyn Manson, não passa de um mal-educado sem pudor (ele e o guitarrista que lá anda sempre a chatear).
Chateiam-me estas coisas...
E eu trabalho na mesma casa há 23 e nunca faltei ao respeito à minha patroa.

Catarse disse...

Ó dona Céu, quantas vezes já lhe disse que não misturasse lixívia com detergente?! Depois dá nisto...

Ou andou outra vez a mexer na gaveta dos remédios da patroa?

Anónimo disse...

Finalmente este Blog chega a tornar-se popular!!!
Sou professora de português há muito tempo, já 'aturei' muitos meninos mal-comportados e bem-comportados, claro, e cheguei a este blogue por mero acaso.

Gostaria de perguntar a vós, que me parecerdeis jovens, o seguinte:
Apesar de vivermos numa época totalitária existe algum mercado certo para os apreciadores da musica dos trovadores medievais?

Se alguém souber agradeço que me aconselhem o formato e o endereço em que devo procurar.

bom resto de semana e um bom Blogue para voces todos
Adelaide

Catarse disse...

De bom grado lhe respondo,
Excelentíssima professora,
Pois trovas medievais,
São do tempo da outra senhora.

Apesar de tudo, digo-lhe
Se calhar mal não fazia
Mais uns quantos trovadores
E menos malta com azia!!

Sites e endereços
É o que mais para aí há
Mas nada como usar o google
para ver no que dá

Na falta de melhor conselho
E já farto de baleia
Veja lá se não se esquece
E coma uma canjinha à ceia!

Despeço-me por agora
pois que já se faz tarde
E aproveito para dizer
Que acertou na idade!