Visão do actual estado das coisas (depois do noticiário das 8)
O actual estado das coisas está que não se pode. Não se pode ir a lado nenhum porque a gasolina está cara. Não se indo a lado nenhum fica-se em casa, que acrescente-se ou a renda é cara ou a taxa do empréstimo sobe mais rápido que o Saddam desceu. Em casa não se pode gastar electricidade porque está cara nem água porque não é ecológico. Não se pode ver televisão nem ligar o pc nem ir à net pelas razões acima mencionadas e porque a) os monitores fazem mal à vista b) televisão a mais faz mal c) só dão programas de caca d) a internet só tem pornografia (e depois temos de estar sempre a limpar o histórico mas mesmo assim aparece sempre um pop up de sexo quando outra pessoa usa o nosso computador) e vírus e spam. Não se pode bater na mulher por motivos vários: é crime; com esta história do body combat e dos ginásios pode ser algo arriscado; com as paredes de papel dos apartamentos de hoje em dia ouve-se tudo e os vizinhos iam reclamar dos gritos (e ainda porque depois das nove da noite, que é quando apetece mais, é crime fazer barulho); os advogados e os hospitais andam pela hora da morte (no caso dos hospitais é garantido que ainda por cima apanhamos um daqueles bicharocos mais resistentes que nós e lerpamos) e, pró caso, não tenho mulher (ainda pensei em encomendar uma russa mas com a sorte que tenho saía-me um camafeu, frígida e chata com ligações à máfia). Não se pode falar ao telemóvel porque as radiações fritam a mioleira (e é caro). Não se pode ler o jornal porque 60% (sou ainda um pouco inocente e acredito no pai natal) das notícias são encomendadas com o objectivo de manipular a opinião e o resto é publicidade, difamação, vida alheia e desgraças. Não se pode ouvir rádio porque estão sempre a dar anúncios ou quando ouvimos a música que queríamos está quase no fim ou não se apanha bem. Não se podem comer ovos, frango, vaca, peixe, porco, gorduras, batatas fritas, enchidos, açúcar, fruta, doces ou chocolate porque têm respectivamente H5N1, BSE, estão quase extintos e são caros e têm espinhas, tem nitratos, hormonas e/ou ténias, matam, matam, matam, dá cabo dos dentes, cara, diabetes e vicia. Não se pode fumar porque é proibido, mata, causa impotência, cancro, é caro e os maços do Português que já não é Suave já não são lindos de morrer com as frases tétricas e as fotografias de órgãos todos esfarelados. Não se pode fazer desporto porque não há onde ou com quem e é certinho que vamos torcer um pé mesmo no fim (depois ver acima hospitais: caros e matam). Não se pode viajar porque há terrorismo e doenças que não temos cá e com o trabalho que dá fazer agora o check in nos aeroportos mal por mal mais vale morrer de tédio em casa, num acidente na estrada ou de brucelose com aquele queijinho fresco que por acaso nem estava nada de especial. Não se pode ir ao correio porque são só contas e publicidade não endereçada mesmo depois de termos desfigurado o hall de entrada do prédio com aqueles autocolantes amarelos horrorosos, além do que já ninguém escreve mesmo, excepto para fazer forward daquela corrente espectacular que lhe trará imensa sorte/azar/amor/azia/cães amorosos/salvar e/ou encontrar crianças perdidas no buraco do ozono da floresta Amazónia. Não se pode beber álcool ou consumir drogas porque... porque... porque... hummmm... volto já!
4 comentários:
Ao reler isto apercebo-me que estava apenas a 5 horas de dar entrada no Santa Maria com o tornozelo esquerdo num caos na sequência de um jogo de volley!
O meu próximo post irá descrever o que penso fazer com o prémio do Euromilhões...
Hélas!
as melhoras!!!
andas sempre com os tornozelos escavacados...
Abraço
Tudo isso só nos mostra mais uma das "coisas que não se pode": falar...muito. lololol
contraí recentemente um vírus verborraíco que me faz esvair em palavras. tipo diarreia da escrita. lamento. :) eheheh
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