domingo, janeiro 28, 2007

devaneios

À distância ouvia-se o tropel de cadeiras selvagens que cavalgavam velozmente rumo a lugar nenhum e um cheiro fresco e agradável a púrpura empestava o ar. Seguramente que estes dois acontecimentos estavam relacionados mas isso são coisas que não nos interessam agora; talvez daqui a bocado. Afinal pode ser agora. Abróteas peroravam nas esquinas das árvores sobre a fatalidade inevitável (passe o pelionasmo – estes peixes das profundezas, embriagados pelo oxigénio, sempre dados aos exageros de linguagem) do cheiro a púrpura que se liberta das cadeiras selvagens quando estas cavalgavam, principalmente e de um modo mais intenso quando vão rumo a lugar nenhum. Já as cadeiras selvagens, das abróteas e das suas conversas sobre odores coloridos só queriam mesmo era distância, razão pela qual rumavam para lugar nenhum.

2 comentários:

Anónimo disse...

Impecável!!
Gosto muito deste 'devaneio'
É pena a minha mulher já estar deitada porqte ela gosta também.
Acho que a lingua ortuguesa é muito traiçoeira ás vezes. mas muitas vezes também se dizem coisas muito bonitas.
Esta que acabei de ler é mesmo muito boa. parece que nos toca cá dentro!
Abaço e ... felicidades

Torres (mecânico)

Catarse disse...

m'tó 'brgadnho shô torres
dpois amando-lh'o resto
sempr'era m'lhor dizer logo
que pr'ó q screvo nã presto

eh pá, faz-se o que se pode e o que sabe bem escrever na altura...
abraço, shô Torres, felicidades e volte sempre!

Ass. Shô Silva