quarta-feira, janeiro 12, 2005

Cultura a quanto obrigas, em Coimbra

Em Coimbra, nos grandes espectáculos, é comum as primeiras filas das salas estarem reservadas para os convites aos Srs. Professores Doutores e restante gente culta da cidade. Nos menos mediáticos, mesmo que a lotação esteja esgotada, é habitual que as três filas da frente fiquem vazias. Nos restantes lá aparecem as personagens, nunca vistas nas salas de teatro e cinema, com os seus melhores fatos, acompanhados pelas suas esposas de golas de peles e cabelo armado.

A Câmara, claro, subsidia. Ora descobrimos hoje que a Câmara subsidiou com mais de 200 mil euros (!!!!) uma ópera realizada em pleno Pátio da Universidade, em Julho de 2003. A política de convites foi difícil, como é de imaginar. Nos dias do espectáculo havia mesmo corredores diferenciados para convidados mais e menos importantes. Trocaram-se olhares de inveja e vergonha entre catedráticos do corredor A e doutores e engenheiros dos corredores B e C. O povo, esse, paga e bem para assistir aos espectáculos no Pátio da Universidade.

Neste caso alguém saiu a ganhar. O produtor do espectáculo fugiu com a receita de bilheteira. Mas a Câmara de Coimbra foi rápida a descobrir a tramóia! Isto foi em Julho de 2003 e logo em Agosto de 2004 o assunto já tinha sido entregue no Gabinete Jurídico da autarquia. Eficazes estes autarcas. São rápidos. Espertalhões. Vivaços! Competentes... Bonzinhos... Estúpidos, são muito estúpidos... Ou não...

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