terça-feira, janeiro 04, 2005

Cem palavras 2


O espalho
Quando volto à infância e relembro as tardes de profundo tédio infantil em que escalava as prateleiras da biblioteca parental, recordo um livro pequenino e um trambolhão enorme.
Deitado na última prateleira junto ao tecto, com a cabeça e os braços pendentes sobre o vazio, reparei que à distância do meu braço esquerdo estava um livro: "A queda" do Camus. Para o alcançar desloquei-me para a frente. Demasiado. Pois logo que agarrei o livro, fiz o caminho até ao chão de cabeça. "A queda" marcou-me para a vida: uma aguda dor lombar sempre que arrefece o tempo.

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