Pagar e calar em Saúde, ou o futuro do ex-SNS
No Mar Salgado a tripulação discute a Saúde em Portugal. O Capitão não vê nenhum mal em que haja lucros na Saúde, e nas suas palavras percebe-se a total descrença na competência pública para gerir.
O caminho que seguirão os Hospitais SA é fácil de adivinhar: os maus hábitos de trabalho nos hospitais, a incompatibilidade da eficiência do trabalho médico com o lucro dos consultórios privados dos médicos e o poder da indústria farmacêutica dentro dos hospitais levarão, inevitavelmente, a défices nas contas no fim de cada ano. Premeditadamente ou não, o governo alegará que não tem capacidade financeira para novos aumentos de capital dos seus hospitais e, logo de seguida, os principais credores (grandes grupos financeiros interessados na área da saúde) dirão "se não nos pagam, passamos a ser os donos dos hospitais". O primeiro-ministro fará uma comunicação ao país afirmando que a privatização dos hospitais é um caminho desejável e que, no fundo, há males que vêm por bem e... estará concluído o processo de privatização.
Mas entre os vários problemas que a privatização dos SA coloca, um se destaca: na área de influência de um hospital privatizado, esse hospital será monopolista na prestação de cuidados hospitalares. E o Estado será, praticamente, o seu único cliente. Quem tem o poder de fixar o preço dos cuidados nesta situação? O fornecedor, obviamente, já que o cliente (Estado) não pode recusar-se a consumir. E quando o hospital decidir cobrar pelos seus serviços valores muito superiores ao seu custo, o que fará o Estado? A única coisa que pode fazer: pagar e calar...
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