os novinhos
Recordo que aqui há uns bons anos, no tempo do ciclo preparatório e dos primeiros anos de liceu, havia um determinado gesto em tudo igual às situações de hoje em que um puto novo é convidado para exercer um cargo de muita responsabilidade. Refiro-me concretamente à limpeza do quadro e dos apagadores. Recordo que nesse tempo quando o professor, poder, pedia para alguém lhe apagar o quadro, logo uma dúzia de criancinhas se precipitava para a ardósia na esperança de poderem ser elas, a ficar com os pulsos cheios de pó de giz, marca da sua importância na sala de aula. Noutros casos, não havia um convite geral, mas era escolhida uma criança em particular, para desempenhar as abluções de início ou de final de aula.
Hoje o professor é outro, as aulas são a própria vida e há mais crianças. Tudo o resto é idêntico. Existe o desejo de servir, o desejo de aceitar qualquer migalha do poder instalado. A necessidade de sentir um elogio do professor, o desejo de ser obediente, a perfídia da submissão: tudo isto em nome da ilusão que sendo empregado do professor se pode ser o próprio professor e que sendo empregado do poder se pode ser o próprio poder. E o pior é que pode. Pode mesmo. Para se chegar ao poder ou ao professorado tem que se ajudar o poder ou os professores. Porque só assim é que o poder, reconhecendo no seu empregado alguém que partilha das suas premissas, permite a sua ascensão, pois assim assegura que os seus próprios privilégios estão garantidos no futuro.
Tantas palavras para dizer: ? do you minete? I minete you, if you broch me.
1 comentário:
Excelente. E verdadeiro...
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