sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Bom fim-de-senama e de vida.

EMBRIAGAI-VOS

É necessário estar sempre bêbedo.

Tudo se reduz a isso; eis o único problema.

Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,

que vos abate e vos faz pender para a terra,

é preciso que vos embriagueis sem cessar.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

Contanto que vos embriagueis.

E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio,

na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou

desaparecida,

perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,

a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,

a tudo o que canta, a tudo o que fala,

perguntai-lhes que horas são;

e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,

hão de vos responder:

É hora de se embriagar!

Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!

De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

(baudelaire)

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