segunda-feira, outubro 22, 2007

Segunda-feira...

Hoje levantei-me a custo para enfrentar o que já seria um dia penoso, ou não fosse segunda-feira, apenas para me deparar com uma prenda colada ao pára-brisas do carro e não, não era uma caganita. Antes fosse, raios partam a cloaca de onde aquele pedaço de papel veio. E, começando mal, um dia raramente se endireita. Apressado para chegar ao local do meu suplício laboral, atirei-me para a A5, confiante na designação de auto-estrada daquela via para me fazer chegar a tempo ao destino. Está bem abelha. Velocidade só na cobrança pela via verde, o resto eram só avisos sobre trânsito lento. Animado, diria mesmo refrescado por este belíssimo começo que me arrancou da cama quentinha, fui prontamente saudado pelos 100% de humidade que a serra de Sintra prende do lado errado do mundo. Óptimo. Falhado o café matinal por falta de tempo, caiu-me em cima uma tal carga de trabalho estupidificante que nem tive tempo de ficar muito mal-disposto. Salvou-se um raio de sol que apanhei de raspão a meio da manhã para resgatar a minha alma imortalmente entediada do purgatório do tédio para onde estava e estou a ser remetido. E ainda o dia ia a meio quando surgiu a tarefa que relegaria todo o restante fardo de Sísifo lá para o topo da montanha (de onde amanhã virá certamente a rebolar com velocidade redobrada direitinho aos meus ombros). Ao fim do dia reorganizar o arquivo. Ui, que bom. O meu reino por um lança-chamas e depois arquivo tudo em C de Cinzas. Se Kafka tivesse trabalhado aqui, "O Processo" teria 5 volumes e a floresta amazónica mais uns quantos hectares. O que mais me estará reservado? Tremo só de pensar. Valha-me que as paredes podem prender o meu corpo mas o administrador da rede ainda não bloqueou este endereço! Espero não estar a falar antes do tempo, senão, como último recurso, restar-me-ia apenas sair daqui em espírito, fuga essa escondida por um ar de intensa e intrasponível concentração, como convém. Bom, de volta à labuta que os cinco minutos de pausa já se esgotaram e para aqueles que acham mesmo que o ditado "Paus e pedras podem quebrar meus ossos mas palavras não me atingem" nunca ouviu "Estás despedido!" ou "Horas extra não remuneradas!".

5 comentários:

Anónimo disse...

Deviamos ter sábado, domingo, primeira-feira (em que não se trabalhava) e depois sim, segunda-feira e por ai fora...corria tudo muito melhor!
100% na Serra de Sintra, tens a certeza? Dava para 'ver' o ar? Estava gordo? Humm....
Vem cá nos dias em que estão realmente 100% (ás vezes até parece mais!!).São precisas guelras para sobreviver aqui...verdade! Estou em transformação: sou quase um anfíbio......
Bjo
Braga

Catarse disse...

bRÃga, seria com profundo pesar que te veria transformada num batráquio pelo que posso apenas esperar que antes disso acontecer te transfiras para climas onde se pode apreciar devidamente o seco! Seco, sequinho, dodot, dodot!

Pois se eiram 100% de umedade num sei mas qu'aquilo entranha-se per a pele da gente adentro e opois, bistezelia, já fostes cum curto circuito na mioleira deribado à umedade, num é?

bj

Catarse disse...

Gostei muito da "primeira-feira"!

A feira devia ser como o Natal!, ou era quando o Homem quisesse ou era uma província da África do Sul...

Anónimo disse...

....Crroac......Crroac.....Croac...Seco é bom....Crroac.....crroac....ehehehe!

Catarse disse...

Registe-se este momento bonito em que, pela primeira vez, aos 23 do mês de Outubro do ano do Senhor de 2007, pelas 18:20 TMG-1, se ouviu/leu o onomatopaico croaxar de um batráquio na gabardina!

Já não era sem tempo! Aleluia irmão! Salvé! Estava a perder a fé!! Ainda há esperança! ;)