sexta-feira, junho 15, 2007

Faltam cadáveres (versão apócrifa, adulterada e mais negra que o fundo do poço)


Por isso, a FMUP apela ao filantropismo dos portugueses na doação de corpos para fins científicos, sexuais, necrofilia e palhaçada em geral. «As aulas de anatomia, os disfarces de carnaval e a investigação médica, com recurso à dissecção de cadáveres humanos e vivissecção daqueles que ainda não estavam completamente cadáveres, estão seriamente comprometidas. Em causa está a falta de cadáveres doados, vendidos ou emprestados ao Instituto de Anatomia (IA) da Faculdade», refere, em comunicado, a FMUP. Em declarações à agência Lusa, Manuel Paula Barbosa, do IA, referiu que a instituição recebe, em média, entre seis a nove cadáveres por ano para dissecção, 3 por correio, 2 entregues em mão e os restantes pelo próprio pé. Manuel Barbosa sustentou que o número desejável é de 24 completos ou 36 se vierem desmontados. «A dissecção é um método de ensino e de aprendizagem excelente e quem ainda não experimentou não sabe o que perde. Além disso é um divertimento para toda a família. Lá em casa no Natal e nas festas não dispensamos.», disse o investigador, acrescentando que actualmente estão inscritas 1554 pessoas como doadoras do seu cadáver para dissecção e estão neste momento a chamar a senha 634 que é o senhor Joaquim Apolinário. «Senhor Joaquim? Apresente-se na morgue, por favor».
Manuel Paula Barbosa frisou também que, «mais do que a falta de declarações de doação, o problema da faculdade passa pelo incumprimento da vontade expressa dos doadores por parte dos familiares, que ignoram o gesto altruísta de ceder o corpo para estudo só porque também o querem». «O problema é que os corpos ou chegam em mau estado, abusados, mutilados, sem as melhores partes ou não chegam cá de todo. As famílias não cumprem a vontade do doador por múltiplas razões, mas essencialmente por Gula, Luxúria, Avareza, Ira, Soberba, Vaidade, Preguiça ou razões religiosas», lamentou, roendo um fémur já um pouco ressequido.
Manuel Barbosa salienta que, «em todo o processo inerente ao uso e abuso de corpos para estudo, divertimento pessoal ou investigação, os médicos, cientistas, curiosos, tarados e estudantes de medicina têm a máxima consideração pela dignidade pessoal e social do falecido e dos seus familiares, pelo menos enquanto estes nos podem ouvir e ver. Depois disso é cada animalidade que o melhor é nem falar nisso. São só bocas porcas e actos de indescritível selvajaria». «As cerimónias fúnebres que antecedem o acto de doação ou outras homenagens em nada são prejudicadas e os ritos satânicos que se seguem têm tudo a ganhar. Para além disso, a entidade cientificamente beneficiada fica responsável pela cremação ou inumação dos restos mortais dissecados, as sobras na gíria cá da malta, findos os estudos, quando aquilo começa a cheirar mal ou já não se aproveita nadinha», sustenta Manuel Barbosa.
Para o responsável, a dissecção de cadáveres é um método que dá aos estudantes de medicina uma competência única: a humanização. E vá, habilitações culinárias para fazerem cá um festival de carne pútrida que até estrafelgam. Ou filmes daqueles que aparecem na net em sites pervertidos, onde acrescentou, "nunca estive mas conheço de ouvir falar". «Um aluno do primeiro ano de medicina quando contacta pela primeira vez com um cadáver treme. Lá mais para o terceiro ri-se. No quinto já coça as costas com um braço mumificado, tem uma pila envernizada como pisa-papéis e uma mama como almofada de carimbos. Nem vos vou contar o que usam como pousa lápis. Esta faceta da humanização do médico, apesar de ser cada vez mais escassa, é vital», realçou. Segundo referiu, as pessoas que entregam os cadáveres são de «uma faixa social intelectualmente bastante desenvolvida porque aceitam a vontade do doador e fazem disso um ponto de honra. E além disso, se pagarem bem, deixamos que depois venham assistir ao desmembramento e até podem filmar e tirar fotos com os pedaços que mais gostavam».
Assim, Manuel Barbosa «apela à generosidade, ao filantropismo e à vontade de morrer dos portugueses» e lembra que «ao doar o cadáver (partes ou mesmo em vivo) ao ensino, depravação e à investigação, os cidadãos estão a contribuir para formar melhores médicos, melhores tarados e depravados, com conhecimentos mais sólidos ou rijinhos depois de uns dias, mais humanismo e um sentido de humor negro muito apurado , logo, mais aptos a tratar da saúde aos vivos. Não perca mais tempo e inscreva já o seu vizinho, patrão, sogra, ex-namorada/o. Aceitamos de tudo nem que seja para a sopa. E se ainda estiver morno ou a mexer melhor. É quinar, malta! Esticar o pernil, abotoar a casaca, vestir o sobretudo de pinho, bater a caçuleta, ir desta para melhor.».

6 comentários:

IM disse...

Faltam cadáveres? Quantos faltam? Quantos faltam? Podemos ajudar? Podemos ajudar? É que eu hoje estava com vontade de contribuir com um ou até dois!!!! Onde posso entregar os corpos? Há duas pessoas hoje que estão a acabar com a minha paciência...ehehehehehe...
Bem..eu acho que há muita malta que atendendo ao que está por fora é melhor nem ver o que vai por dentro e outras que estão tão bem por fora na mesma proporção em que estão podres por dentro!!!! Mas aí está um bom fim que podemos dar ao nosso cadáver, em vez de andarmos a fazer o pessoal gastar dinheiro em flores e gasolina com as idas ao cemitério...todavia não me agrada a ideia de uns fulanos que não conheço de lado nenhum andarem a pegar nas minhas entranhas e a espreitar cá para dentro...não me agrada a ideia de me ver assim devassada, mas pronto, sempre é uma ajuda...!!!ehehehehe..o pior é que ainda iam descobrir que tinha vindo de outro planeta...e era muito chato as pessoas descobrirem isso depois de morta...tsssss..bem, vou deixar-me de humor negro até porque não estou inspirada como ontem, no comment das speedy-spiders...
IM

g. disse...

Se eu não soubesse que no fundo, no fundo, ela me faz falta...Hoje era o dia em que doava a minha garganta(atenção, só a garganta). Sempre doente, sempre doente. Irra!
Depois, enchia o espaço vazio com uma resina qualquer e ficava com uma voz enresinada... Ok...Adiante.
Este post tem de facto zonas mais negras do que o fundo de um poço de petróleo. No entanto, sabe-se do real gosto de Catarse por fenómenos de dissecação... Foi só acrescentar uns pózinhos de perlimpimpim e saiu este "belo" post com algumas partes BLARGH!
A parte mais sugestiva talvez tenha sido a das fotos de família com as partes preferidas dos corpos. Diz lá, Catarse, levavas a máquina digital e fazias fortuna...;)

Já estou mesmo a ver Catarse à porta da exposição "O Corpo Humano Como Nunca o Viu", antes da inauguração, com um cobertorzinho e um cartaz a dizer: "Sou o 1º a entrar e ai de quem se atravessar no meu caminho". Ahahahah!

Catarse disse...

bastou passar uma vez uns tempos na medicina legal e tomei-lhe logo o gosto... ;)

g. disse...

Já me tinha constado, já. Eu e esta memória de elefanta. Parece que a medicina legal opera transformações perigosas em cabeças não menos perigosas...:)

Catarse disse...

Já me estou a ver a recriar um hibrido da ilha do dr. moreau do hg wells com o frankenstein da mary shelley com os pedaços doados...

IM disse...

Um pequeno clic e muito facilmente se solta o monstro que há em nós...todos temos um, mesmo...não é aterrorizador? Há algo de inumano em nós, pronto a sair, pronto a revelar-se...brrrrbbrrrrrr...arrepiante...