quinta-feira, dezembro 02, 2004

O problema lista de casamento

Os novos excêntricos de Portugal fizeram sonhar o país. Dois tipos de Moreira de Cónegos que ganham, de um dia para o outro, ganham 43 milhões de euros, mexeriam sempre com a imaginação dos portugueses. Mais mexeram ainda quando a maior parte destes vive com dificuldades que 43 mil resolveriam no curto prazo...
Nos dias que se seguiram ao sorteio ouvi duas ou três pessoas próximas dizer: "Eu oferecia logo uma casa a cada um dos meus amigos!" Não era falta de vontade de presentear os meus amigos, mas aquilo não me soava bem... De argumento em argumento, cheguei finalmente a um que me satisfez e que mereceu a concordância dos meus interlocutores: o "problema lista de casamento".
Qual é o problema lista de casamento? Tenho reparado que as pessoas que se casam se debatem sempre com um mesmo problema: tendo um número máximo de pessoas que podem convidar, há sempre algumas que ficam na fronteira e acabam por não poder ser convidadas. Seriam as primeiras a sê-lo se existisse a possibilidade de fazer mais meia dúzia de convites, mas não há... E isso significa sempre um certo mal-estar entre quem não convida e o não-convidado. Para mim, só a perspectiva desse problema me faria pensar dez vezes antes de organizar a boda...
E é exactamente este o problema que eu acho que há no plano de dar casas aos amigos quando se ganha o euromilhões: o problema lista de casamento. Quando é que paramos de dar casas? Quantos verdadeiros amigos temos? Por que é que o vosso décimo melhor amigo merece uma casa e o décimo primeiro não?

4 comentários:

Anónimo disse...

Tu estás muito à frente!
Já li o texto 2 vezes e ainda não o consegui compreender...
Mas afinal, quem é que dá casa a quem?
E porquê uma casa?
Nunca percebi esta paranóia colectiva dos portugueses com as casas.
A casa é como um carro - ao final de algum tempo deve-se trocar, para não ganhar vícios.
Além disso, é um tremendo obstáculo à mobilidade.
Viver a vida inteira no mesmo sítio (cidade, vila ou aldeia) é um tédio que envelhece precocemente as pessoas, além de que não favorece a dinâmica de vida de uma pessoa.
Os emigrantes são mais produtivos precisamente porque estão desamarrados da terra e isso é um factor de estímulo pessoal - é uma defesa natural.

Anónimo disse...

Ok, tinha que vir a resposta da reacção...
Eu não falei em emigração clandestina ou exploração.
Só um ignorante confunde o nível de vida dos emigrantes portugueses na Europa com um campo de concentração.
E quando mencionei a paranóia colectiva dos portugueses com os casebres em que vivem, foi precisamente porque se endividam até ao tutano e passam a viver para o banco, apenas e só para terem o título de propriedade de uma casa de 10-reis-de-mel-coado, que custa milhares de contos, mercê da especulação imobiliária que começa nas taxas e burocracias camarárias e vai até à última telha que o pato bravo do construtor coloca.
A bacoquice e o provincianismo do fenómeno é tanta que avaliam as casa pela localização e não pelas suas qualidades intrínsecas - as que conferem realmente valor - como o isolamento térmico, a arquitectura ou a real qualidade dos materiais utilizados (uma cozinha com máquinas catitas não significa bons acabamentos), já para não falar na qualidade técnica do projecto - a base de tudo.
Continuem a encher os bolsos a parolos e não bufem.

Anónimo disse...

Olá...

Anónimo disse...

alguém me dá uma ajuda a fazer a minha lista de casamento?