o burro grutesto
Perto das pequenas mentiras de madeira que atravessam os arroios da ignorância existe um burro. Cinzento, velho e do tamanho da subtileza do mar que exala calor, o burro passa os dias rectangulares virado para duas formigas que discutem as compras para o formigueiro. Com os olhos esbugalhados por uma pedrada da floresta de pentelhos, o burro prepara-se para pôr fim àquela discussão sem sentido. Avança dois segundos, inclina-se 4 degraus e abrindo a boca grutesca, deixa que por detrás de uma estalactite saia o seu irmão: um monárquico papa-formigas paramentado e untado com azeite do monte das oliveiras. O papa esfomeado, fremente, e a babar-se pelas formiguitas voluptuosas desfraldra do seu enorme membro de alimentação e penetra-o na terra mesmo ao lado dos desavindos insectos. Estas humedecidas pelo suor da discussão, olham para cima e vêem dois enormes olhos negros? Dizem em coro: Vamos é para o deserto surfar
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