terça-feira, agosto 17, 2004

As promoções ou porque demoro anos a escolher uma lata de atum.


Quero comprar um tubo de dentífrico. Vou ao supermercado, à zona onde estão os produtos de higiene humana, e com a ideia de que quero comprar um tubo de pasta de dentes, posto-me abruptamente frente ao expositor. Enfrento-o olhos nos olhos, e acabo por escolher a pasta de dentes que sempre usei. Pego aliviado na embalagem, e reparo que se comprar aquela pasta - que quero comprar - sou obrigado a levar, sem acréscimo de preço, outra igual. É o 2 em 1: quero uma pasta de dentes, mas sou obrigado, sem pagar mais, a levar duas. Que fazer? Recusar? A verdade é que só quero uma, mas já que me oferecem outra devo esquecer a minha vontade inicial e ceder à vontade do gestor de supermercado que para escoar o excesso de stock decide o que levo para casa? Será que só fico a ganhar, ou será que a minha vontade, vale, apesar de tudo, mais que o valor que poupo num dentífrico?
Será que por principio devemos aceitar tudo que nos é oferecido? E quando é que devemos recusar um convite, uma prenda, um emprego, um elogio, uma vantagem ou um favor? Quando? Talvez só, quando a vontade for maior que qualquer um deles.

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