quinta-feira, outubro 30, 2003

O texto mais inútil de sempre...

Vejamos uma normal banca de jornais e revistas. Para além do caos, que todos aqueles títulos formam, existe um facto que não saltando à vista de imediato, não deixa de ser bastante curioso.
As capas das revistas, por exemplo. As revistas para homens, têm normalmente mulheres na capa e as revistas para mulheres também têm mulheres na capa. Isto significa que não aparecem homens nas capas das revistas? Não. Os homens aparecem em algumas capas, mas em revistas para homens. O facto curioso que parece destacar-se é que tal como existem revistas para homens com mulheres e homens na capa, também devia haver revistas para mulheres com homens e mulheres na capa. A verdade, é que não existem revistas para mulheres com homens na capa.

Estava bonita a festa, pá!

Ontem fui à inauguração (a terceira, até agora) do Estádio Cidade de Coimbra.
A festa foi bonita: uma capa de estudante gigante cobriu o relvado, cantou-se o hino (parecia-me dispensável, mas vá lá...), gritou-se um potente F-R-A e houve fogo de artifício.
Até o primeiro golo da noite e do estádio foi da Briosa! Mas o Benfica não quis entrar na festa e, com três golões, acabou com a brincadeira...
As claques, tanto da Briosa como do Benfica (parabéns aos Diabos Vermelhos. Que energia!), portaram-se bem.
Foi bonita a festa, pá!!!

quarta-feira, outubro 29, 2003

Cristo foi um imigrante ...I

Se as referências ao cristianismo forem consagradas na futura constituição europeia, gostava de saber, como é que se podem articular os princípios cristãos, com certas politicas europeias concretas.
Falo da politica de fronteiras fechadas. Como articular a politica de fronteiras fechadas com o universalismo proclamado na mensagem de Cristo? Como compreender que as pessoas que mais defendem a inclusão do património religioso na carta da Europa, sejam os mesmos que no plano do controlo de fronteiras sejam os mais intolerantes?
Se Cristo nascesse hoje nunca conseguira entrar na Europa para propagar a sua mensagem pois morreria no mediterrâneo numa barcaça.

JPH e o jornalismo

Imagino o espanto dos portugueses quando hoje pela manhã, depois de comprarem o Público no quiosque ou de clickarem www.publico.pt, abrem o jornal e vêem que a primeira frase de uma das notícias é: "Eis um discurso que não se imagina Paulo Portas a pronunciar."
A Gabardina não se surpreendeu. A sua opinião sobre o JPH há muito aqui foi deixada. Para a Gabardina não existe a distinção jornalista/blogger. Há qualidades que as pessoas têm ou não têm. A falta de qualidade do JPH, na dupla personalidade blogger/jornalista foi já sobejamente demonstrada.
Há pouco recebi uma mensagem de uma amiga jornalista (profissão que a Gabardina não possui nas suas fileiras) que dizia, a propósito da citada notícia:
"Eis um discurso que não se imagina Paulo Portas a pronunciar". O QUE É ISTO? UMA CRÓNICA!!!!!

Será que editores e directores do Público andam a dormir?

terça-feira, outubro 28, 2003

um dia...

Este país é uma bocarra de molares que transforma lentamente a geração em nome da qual foi feito o 25 de Abril num bolo alimentar mole e inofensivo.
Neste preciso momento, toda essa geração se aglomera junto ao cais de embarque das estações de caminho de ferro de todo o país. De Caminha a Faro, as estações de comboios estão cheias de gente à espera de embarcar.
Aproximemos, com a força da vontade, os nossos ouvidos dessas estações e escutemos por um momento o anúncio do comboio por que todos esperam:
- Atenção, atenção, vai dar entrada na linha número dois, o comboio com destino a outro país. Os senhores passageiros que pensavam que Portugal permitia escolher o emprego e o local de trabalho, devem embarcar nas carruagens da frente. Os senhores passageiros que acreditam que em Portugal existe o princípio da igualdade de oportunidades, devem ocupar as últimas carruagens. Este comboio, disponibiliza ainda uma carruagem bar, em que para além dos jornais diários estrangeiros, existe uma ampla sala, onde todos podem conversar.

Dor de cotovelo

O Francisco José Viegas irritou-se com a cobertura que a TVI deu à inauguração da Nova Catedral.
O que se passa, Francisco, é que para ser grande não basta ter um estádio grande (veja-se o exemplo dos clubes de Faro e Loulé), não basta ter títulos (veja-se o exemplo do Parma), não basta falar alto (veja-se o exemplo do Boavista), nem bastam estas três coisas juntas (veja-se o exemplo do Porto).
Pode ser que na inauguração do estádio do dragão haja alguém que, por pena, faça a mesma cobertura que foi dada à Nova Luz. Mas não pagará certamente tanto para o fazer… É que se os portistas estiverem todos a tentar encher o estádio, quem verá a publicidade na televisão?

segunda-feira, outubro 27, 2003

Cale sapiens

Na passada sexta-feira, tocou em na Aula Magna em Lisboa John Cale.
Para o caso não interessa dizer a relevância que teve nos anos 60/70, quando juntamente com Lou Reed e com o alto patrocínio de Andy Warhol formou os Velvet Underground.
O concerto que teve todo o interesse inerente à música de Jonh Cale, foi no entanto acrescido pelo facto muitas das músicas tocadas, estarem na vanguarda da música que se faz hoje em dia. E esse foi o facto mais relevante deste concerto: um homem que podia se ter cristalizado em fórmulas que ele próprio inventou, opta deliberadamente pelo risco de ser, uma vez mais, vanguarda.
O que é estranho é que tenha de ser um homem com 62 anos que encabeça essa vanguarda. Então, e a juventude? Não devia ser ela, que pegando nas fórmulas do passado as devia alterar? E porque é que não as não altera? Hoje, na música como em muitas outras coisas, a geração que tem poder está mais velha que a geração que a antecedeu. Porquê?

Jornalismo II

Diz a TSF on line que... "Angola é nossa"
...
... ...
...
... ... ...
Meus amigos... zzz zzz
Haja bom senso e um pouco de noção da alarvidade.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Jornalismo

Ora aí está um título perfeitamente normal para uma notícia.
Quando todos esperávamos ouvir o primeiro-ministro dizer "já não vale a pena, Portugal é um caso perdido, nunca mais iremos recuperar", eis que o jornal Público nos surpreende com esta declaração bombástica: "Durão Barroso confiante no futuro da economia portuguesa".

N.B.:

Apesar do post anterior, peço que não nos confundam com a Renascença.
Obrigado.

Desabafo

A grande vantagem de acreditarmos numa entidade, boa e omnipotente, que olha pelo mundo é a tranquilidade de sabermos que a justiça muitas vezes tarda mas raramente falha.

Políticos trágicos II

No seguimento do desafio por nós mesmos lançado, venho acrescentar mais uns nomes à lista:

Sílvio Cervan
Bernardino Soares
Jorge Ferreira
Macário Correia
Jorge Coelho


Continuamos à espera de contribuições!

quinta-feira, outubro 23, 2003

Política sem consciência (nem) moral

O Daniel Oliveira junta no mesmo post as seguintes frases:
"Sou um homem de partido."
e
"Quem quer ser a consciência moral, não se mete na vida política."

Eu, que sou novo, começo a perceber como é que a política portuguesa chegou aqui...

Esquerda ou direita, eis a questão

Ponto prévio: A Gabardina é insuspeita de estar ao lado deste governo e muito menos de apoiar o seu Ministro da Defesa. Para o comprovar basta uma leitura rápida dos posts anteriores.

O que diria a esquerda em Portugal se o Ministro Paulo Portas fosse apanhado, ainda que numa escuta telefónica ilegal, a dizer “Estou-me cagando para o segredo de justiça” ou “vê lá se arranjas alguém que fale com o procurador!”?

Diria, seguramente, “têm que ser encontrados os culpados desta fuga de informação da Procuradoria-geral da República.” (que falta me fazem aqui os smiles do messenger...)

quarta-feira, outubro 22, 2003

Para o Pipi dentro de nós

Uma óptima notícia para o Pipi e para o pipi dentro de cada um de nós.

terça-feira, outubro 21, 2003

Recebido por e-mail

A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial.
A pergunta era:
"Por favor, diga honestamente, qual a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo."
O resultado foi desastroso. Foi um total fracasso.
Os europeus do norte não entenderam o que é "escassez".
Os africanos nao sabiam o que era "alimentos".
Os espanhóis não sabiam o significado de "por favor".
Os norte-americanos perguntaram o significado de "o resto do mundo".
Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre "opinião".
E no parlamento português ainda estão a debater o que significa "diga honestamente".

Máxima possível II

Há uma relação inversamente proporcional, entre a deferência no trato e o respeito por alguém.

segunda-feira, outubro 20, 2003

Ai Portugal, Portugal

Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar


Para ler o que foi publicado no Domingo, vou à página do El Pais e faço uma busca por “Portugal”. Nada mais, juro!

Nas dez primeiras ocorrências surgem os seguintes títulos de notícias:
“Portugal, en quiebra política y social”
“El colegio de los horrores”
“Portugal eliminará 40.000 empleos en la Administración pública hasta 2006”

(estes são mesmo os três primeiros)

“Portugal y España, los países europeos con mayor exceso de mortalidad en invierno”
“La 'depresión' portuguesa”


Mais palavras para quê?

Os jovens que o fazem pelo dinheiro...

Este título faz lembrar um assunto muito falado, hoje, em Portugal.Mas não é sobre isso que escrevo. Embora o princípio seja o mesmo: alguém que se aproveita da falta de meios económicos de outrém para se satisfazer.
O ministro da defesa em entrevista sobre o dia da defesa nacional, utilizou um argumento cretino para defender a convocação dos mancebos: o económico.
Aquele governante disse que a convocação dos mancebos era boa para eles; pois estes podiam conhecer de perto as vantagens de estar na tropa, e elencou-as: contrato de pelo menos 6 anos, vencimento nunca inferior a 510 euros, assistência na saúde e estabilidade no emprego e depois ameaçou dizendo que hoje em dia com o desemprego que existe, estas condições são muito boas.
Utilizar este argumento é assumir que enquanto houver exército em Portugal o ministro da defesa vai fazer tudo para manter os jovens com redimentos baixos ou nulos para que assim, estes considerem a tropa como uma alternativa rentável. Afinal, o desemprego e os baixos salários beneficiam o ministro da defesa de Portugal.
Só mais uma coisa. Experimente o senhor ministro viver durante um mês com 120 contos.

Ruído

Algum PS, alguns comentadores e alguns bloggers (como por exemplo este) criam um ruído enorme à volta desta questão Paulo Pedroso, António Costa e Ferro Rodrigues/Casa Pia, de forma a que não se diga o que é claro e óbvio.

É MUITO GRAVE que pessoas com a responsabilidade de Ferro Rodrigues e António Costa digam coisas como "Tou-me a cagar para o segredo de justiça", "é melhor que o teu irmão vá falar com o procurador", "é melhor termos esta conversa noutro telefone", "temos que ficar em alerta amarelo" (afinal não era o embaixador russo...) e "o almoço não serve para nada" (aparentemente, entre o Presidente da República e o Procurador Geral da mesma...).

É MUITO GRAVE!!!
Esses senhores não podem continuar a ser políticos em Portugal. Quer dizer, políticos podem. Políticos respeitados não.

sábado, outubro 18, 2003

"... na saúde e na doença.."

O Vaticano tem a melhor diplomacia da civilização ocidental. As razões são várias. Alta competência técnica dos funcionários, conhecimento profundo do ambiente social, dedicação total das chefias e principalmente uma disciplina de ferro. Se a estas características juntarmos 2000 anos de experiência não será difícil concluir que a diplomacia do Vaticano poria qualquer estadista do século XX num chinelo.
Hoje, é possível observar como toda esta experiência nas relações entre estados é posta ao serviço das razões de estado do Vaticano. Hoje a igreja católica mais que expandir-se quer conservar-se. E para isso usa a doença do Papa. De facto, todos os dias há uma pequena referência ás ligeiras alterações que a saúde do Papa sofre. Assim ontem, foi o Papa que não conseguiu acabar um discurso, hoje, devido a súbitas melhoras até já leu em alemão.
Dentro desta lógica de vai e vem do estado de saúde do Papa, chegou a notícia de algumas melhoras do Papa, pois este conseguiu aplaudir o Hino da alegria. Ora, que coincidência o Papa ter conseguido bater as palminhas a uma música que não é mais nem menos que o hino da Europa.
Numa altura em que se discute se o acervo cristão deve ou não ser escrito na constituição europeia aquelas palminhas são uma lição brilhante de diplomática dada pelo decano da diplomacia: o Vaticano.

quinta-feira, outubro 16, 2003

Nojo de Portugal

Leiam o NOJO do Afonso Melo.
Vale a pena.

Políticos trágicos

A Gabardina propõe, a partir de hoje, a eleição dos 10 políticos mais trágicos (tragicamente maus é o sentido que se deseja dar à expressão) da última década no nosso país.

Desde já avança três nomes que considera fortíssimos candidatos a essa lista:

Narciso Miranda
Marques Mendes
Armando Vara


Mais tarde a Gabardina divulgará outros nomes que julga dignos de pertencerem a tão exclusiva e concorrida lista.

Aceitam-se sugestões de outros nomes e, se possível, a oferta de um blogger com mais talento informático que nós, que, motivado por tão nobre causa, queira promover uma sondagem on line sobre o assunto.

quarta-feira, outubro 15, 2003

As maminhas do nordeste substituíram as alheiras de Mirandela.

O artigo da Time diz que Bragança é o novo red light da Europa.
A comparação irritou muito o governo Português. E com razão, porque como o governo não gosta de ser criticado quando não há motivos, também não gosta de receber louros quando os não merece.
O governo sabe que Bragança e a zona vermelha de algumas cidades Holandesas, têm entre elas a diferença que existe entre Portugal e a Holanda.
Têm a diferença da escolaridade das prostitutas, têm a diferença da instrução dos clientes, e a diferença da regulamentação da prostituição.
Por isso, porque é humilde e sabe o seu lugar no ranking anual de desenvolvimento Humano, o Estado português retirou a publicidade de revista Time para mostrar que não gosta de se põr em bicos de pés.

O ministro gosta é de ver...

O ministro gosta é de os ver... ali... todos tesos... todos direitinhos... todos com um rasgado sorriso na cabeça. O que o senhor ministro gosta é de sentir a força destes carecas...gosta é de lhes sentir... a potência... a firmeza do sangue novo da juventude de que são feitos.
O ministro também gosta é de os forçar... gosta é de... os obrigar. Por isso, é que obriga os mancebos a irem a Lisboa.

Pequenos, mesquinhos e estúpidos

A Time contou o que se passa em Bragança e o governo português não gostou e demonstrou todo o seu respeito pela liberdade de imprensa, cancelando a publicidade ao Euro'2004 prevista para aquela publicação.
A Time ficou assim a saber que com Portugal ninguém se mete!
Esperamos que tenham aprendido a lição e que não repitam a ousadia!
Com democracias como Portugal e Cuba ninguém brinca!

terça-feira, outubro 14, 2003

Máxima possível...

Há uma relação inversamente proporcional entre o bem que se veste e o mal que se faz. Nunca ninguém foi salvo por uma gravata.

Marketing Sagrado

Confesso não saber o que pensar da situação actual do Papa João Paulo II. Confesso (e acreditem que me custa confessar) que a mais recente ofensiva do Vaticano “este esforço do Santo Padre contribui para mostrar que os fracos e desfavorecidos também têm um papel neste mundo” me faz vacilar.

Mas sei bem o que penso do que vi, salvo erro no Canal 2, no último fim-de-semana, logo pela manhã. Um documento de Marketing poderosíssimo e bem elaborado da Igreja Católica, que havendo ainda alguma vergonha na direcção de programas da RTP a deve ter feito corar de vergonha até aos dedos dos pés.

No meio de músicas católicas com ritmo (as famosas 37 proibições ainda não estão em vigor!) e de imagens comoventes do Papa, surgiam declarações de católicos consagrados como João César das Neves, Laurinda Alves e, se não me atraiçoa a imaginação, Marcelo Rebelo de Sousa.

Mas o que mais interessante se viu no documento promocional foram as declarações de jovens cuja enorme projecção mediática, aparentemente desproporcional ao talento de cada um, até esse dia eu não tinha percebido: a fadista Mafalda Arnaut, o omnipresente Pedro Granger e uma daquelas irmãs boçais e irritantes, supostamente do jet set, que participam em tudo o que é novela, e que têm dois apelidos (qualquer coisa do tipo Brito e Moura ou Silva e Cunha).
Nesse momento percebi a desproporcionalidade.

O lobby católico pode ter perdido o Nobel para o lobby sapatona, mas ainda tem força para levar ao estrelato os seus meninos predilectos.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Ao fim da tarde

Apetece-me castanhas assadas.
Estarei grávido?

Todos os partidos, todos os lugares. TODOS mereciam melhor

José Lamego diz, sobre Ana Gomes, que o PS merecia melhor e diferente. E eu, que não sou socialista, nem social democrata, nem popular, nem tão pouco gosto do José Lamego, tenho que concordar.
Descubram de onde saiu esta senhora e voltem a fechá-la lá dentro. Rapidamente, por favor.

Lobby por uma saúde desregulada

Percebemos, sem surpresa, que os médicos portugueses estão contra a Entidade Reguladora da Saúde (ERS). Também sem surpresa, farmacêuticos e enfermeiros torcem o nariz à nova organização, sem saberem se acham bem ou mal, mas preferindo ir a reboque dos médicos a ir contra eles.
O que já é surpreendente é a credibilidade dada a esta posição dos médicos, quer pelos media, quer pelo Presidente da República.

Os automobilistas teriam alguma credibilidade se tivessem sido contra a polícia nas estradas? Os donos de restaurantes teriam credibilidade se fossem contra as inspecções sanitárias? Os presos teriam alguma credibilidade se não tivessem querido os guardas prisionais?

É conhecido o corporativismo da classe médica e o desastroso comportamento da sua Ordem que levou, em grande medida, ao estado actual da saúde em Portugal (nomeadamente impedindo o aumento de vagas nos cursos de Medicina). Sabemos também que existem várias autoridades administrativas independentes no nosso país(a ERSE e a ANACOM são apenas os exemplos mais conhecidos) e um pouco por todo o mundo mais desenvolvido.

Se o Presidente da República tem dúvidas sobre a constitucionalidade da ERS, que as remeta para o Tribunal Constitucional. Mas que não se atreva a ceder às pressões do lobby médico, pois tal seria desastroso para o nosso corrupto e já debilitado sector da saúde.

E se...

O ministro da defesa aplaudido pela juventude robusta deste país, vinda de todos os cantos de Portugal, discursou ontem da varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Exemplo para a juventude, o digno ministro da nação, falou para os jovens com a proximidade de um grande Pai. Falou-lhes da ordem natural do universo e da encarnação desta no estado, enquanto exemplo final da evolução das sociedades humanas. Depois, iluminou a juventude com o seu respeito e amor antiquíssimo pela Pátria. O discurso do digníssimo ministro da nação terminou com a oração de um terço e com o cantar do hino nacional.

sábado, outubro 11, 2003

Liberais, mas não muito...

O governo deste país está sempre com a palavra competitividade debaixo da língua. Ora, para que haja competição é necessário que existam adversários.
Segundo este raciocínio, a competição por exemplo, entre trabalhadores não só estimula todos a trabalharem melhor, como é penhor da sobrevivência dos melhores.
Este raciocínio, embora discutível, faz um certo sentido. Assim, seria de esperar que este governo, eivado por esta lógica liberal, não tivesse medo de deixar todos os imigrantes entrar, pois só assim garantiria a máxima competição entre trabalhadores. Mas não é isso que este governo faz. Porquê? Das duas uma: ou o governo não acredita no discurso da competição e só o utiliza como figura retórica, ou sabe que se o critério fosse a escolha do melhor, exclusivamente pela sua competência, o governo e o país seria gerido por espanhóis, americanos, moldavos e romenos.

sexta-feira, outubro 10, 2003

Serviço Público de blogs

A Gabardina apresentará brevemente, na sua coluna da esquerda, links para os apontadores nacionais de blogs. Porque é útil para quem visita o blog e é útil para quem o faz, poupando-lhe tempo.
A lista incluirá não só os clássicos PTBloggers, Bloco de Notas, Blog Clipping e Blogo.no.sapo , mas também os mais recentes (pelo menos para mim) Blogoventário (que nos inclui na sua prateleira dos pensadores), Blogoecos (um dos projectos mais interessantes da blogosfera), Substrato e aquele que nos trata de forma mais carinhosa (vão espreitar onde nos incluem!) Os Blogues.

Dúvida

O Jorge Lacão é presidente da Comissão de quê?

quinta-feira, outubro 09, 2003

Translucidez nacional

A Transparency International (TI) coloca Portugal no 25.º lugar mundial do índice de percepção da corrupção.
O resultado não é de todo desencorajador, mas pensemos no seguinte:
- Em termos de IDH, também para 2003 (ler post de Julho – “Subdesenvolvimento humano"), Portugal ficou no 23.º lugar (a diferença é que, salvo erro, na lista da TI ficámos à frente da Itália mas atrás de Singapura, do Chile e de Israel). Isto significa que (marginalmente, é certo) há mais corrupção no nosso país do que seria previsível para o nosso nível de desenvolvimento;
- Imediatamente atrás de Portugal ficaram Oman, Bahrein, Chipre, Eslovénia, Botswana e Taiwan, mais ou menos à mesma distância do nosso país que nós ficámos de Espanha, que ficou imediatamente à nossa frente;
- Em valores absolutos (a escala é de 1 a 10), Portugal (6,6) ficou à mesma distância da Finlândia (1.ª, com 9,7) e do México (3,6), Polónia (3,6), China (3,4), Panamá (3,4), Sri Lanka (3,4) e Síria (3,4).

Acho que é revelador do momento translúcido que se vive em Portugal…

Diálogo improvável

Filha de Martins da Cruz: Sabes, já decidi! Vou para Medicina!
Filha de Pedro Lynce: Mas tu não tens média... Já falaste com o teu pai?
Filha de Martins da Cruz: Não, falei com o teu.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Para além dos aplausos e das críticas.

Paulo Pedroso foi libertado porque o seu advogado recorreu três vezes da prisão preventiva.
Agora, vai pensar-se que afinal a justiça funcionou, e que, se os outros arguidos continuam presos preventivamente é porque existem indícios bastante fortes, ficando a fantasia do erro judiciário afastada de vez.
O que esta libertação para a maioria das pessoas vai significar é: "se ele saiu e os outros não, então, os outros são mesmo culpados".
A libertação de Paulo Pedroso pode significar o fim da presunção de inocência dos outros arguidos presos preventivamente no âmbito deste caso.

Surpresa no caso Casa Pia

A notícia atinge-me como uma bomba. O Tribunal da Relação decidiu libertar Paulo Pedroso, passando este a estar sujeito apenas a termo de identidade e residência.
O mais curioso de tudo é que esta decisão parece resultar de um juízo acerca da inocência do dirigente do PS.
Parecendo óbvio que nestes casos de pedofilia existe sempre o perigo de continuação da actividade criminosa e que neste caso particular há um perigo claro de fuga, a única explicação razoável para esta decisão parece ser a insuficiência de certeza da culpa do arguido...
A única nota esquisita nesta decisão é não ter sido tomada por unanimidade mas por maioria, o que torna tudo ainda mais nubeloso...
Fico expectante em relação a novos desenvolvimentos.

NEM PODERIA SER DE OUTRO MODO, na Finlândia

Agora imaginem o seguinte post, do Filipe Nunes Vicente, mas escrito por um finlandês, a propósito da Finlândia (nota: substituímos Portugal por Finlândia, para dar maior realismo à coisa):

NEM PODERIA SER DE OUTRO MODO: Uma filha de um ministro passou de uma média de candidatura de 18 valores para 18,5, por meios obscuros. Tramou-se e vai estudar para fora. Dois ministros do governo da Finlândia cairam. Nem poderia acontecer outra coisa, num país de cidadãos que são incapazes de meter ou aceitar cunhas, de fugir ao fisco, de livrar os filhos da tropa com um telefonema ao general, de pisar um traço contínuo, de falsificar facturas, de sonegar recibos, de meter baixas fraudulentas, de faltar as aulas que devem dar ou aos exames que devem fazer exibindo atestados médicos romanceados, de receber pensões de maridos que já morreram, etc. Não poderia ser, de facto, de outro modo: somos um país de gente proba e séria.

E digam lá, em que país prefeririam viver?

terça-feira, outubro 07, 2003

Um bom dia para a política europeia

E finalmente começam os desentendimentos dentro da coligação governamental em Itália.
Uma desavença Fini/Bossi era o pior que podia acontecer a Berlusconi na semana em que os italianos o consideraram, numa “sondagem” promovida pela RAI, a coisa a que mais desejam dizer “Já basta!” nas suas vidas.
Quem conhece a política italiana sabe que os governos de coligação costumam durar poucos meses depois da primeira ameaça de eleições antecipadas, como aquela que a Liga Norte fez hoje.
Isto no mesmo dia em que por cá o Ministro dos Negócios Estrangeiros se demitiu sem honra nem vergonha. Podemos dizer que foi um dia positivo, em termos políticos…

Vote Larry Flynt for Governor

A Califórnia vai a votos. Não é perceptível qualquer diferença política entre os candidatos, na verdade o único critério que parece diferenciá-los é o mediatismo e o comportamento politicamente correcto.
Hoje, na América como nas democracias ocidentais, o capital politico ganha-se aparecendo na televisão e nunca escorregando num comentário que possa ofender uma minoria. Ou seja, é necessário ser conhecido e politicamente correcto. E politicamente correcto no pior dos sentidos, porque esta expressão, quer na verdade dizer, não mexer muito nos interesses instalados.
Mas há excepções. E a América, tem a vantagem de as excepções poderem, mais facilmente que noutro lado, vir a ser a regra. Larry Flint, é uma dessas excepções. Larry Flint não é politicamente correcto porque tem opiniões diferentes e o politicamente correcto tende a evitar o conflito de opiniões.
Este candidato a governador foi um dos fundadores da Blue Ribbon, uma organização que tem como único interesse defender a liberdade de expressão seja qual for a forma que esta assuma. Porque até o politicamente correcto, Arnaldo, defende a liberdade de expressão desde que esta não lhe ameace os privilégios, aliás como alguns de nós.
Por isso, aqui fica o desejo da gabardina para que Larry Flint consiga um bom resultado nas urnas.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Por um Portugal T

A economia é uma daquelas áreas que, no último século, os especialistas se esforçaram por complicar a ponto de que ninguém a perceba.
No entanto a maior parte dos seus mecanismos é de bastante fácil compreensão.

Estávamos no início do século XX e já Henry Ford percebia que para o seu famoso Modelo T ter sucesso era fundamental que os trabalhadores que o construíam ganhassem suficiente dinheiro para o comprar. Para além de parecer ridiculamente óbvia, esta condição é absolutamente justa.
Hoje, um século depois do sonho de Ford tornado realidade, há um pequeno país no ocidente da Europa que ainda não percebeu isso. Portugal ainda não percebeu que não é um país economicamente viável enquanto os portugueses não o puderem comprar. É hoje claro que é mais caro viver em Portugal que viver em Espanha. As casas, os carros, os supermercados, os restaurantes… tudo é mais caro em Portugal. A diferença é que nenhum espanhol tenta viver mensalmente com 360€…
Os portugueses têm que perceber que enquanto o salário mínimo nacional não for, a preços de hoje, de cerca de 600€, o país não vai sair de uma crise mais ou menos profunda, mas que se arrasta há dez anos.
Precisamos de um Portugal T. Transparente. Tranquilo. Transformado num país desenvolvido.

Cara Manuela Ferreira Leite, será que nos lê?

Blog Limiano

Um blog descoberto por razões erradas, mas que é, sem sombra de dúvidas, em termos gráficos, um dos melhores que já vi.
Vão espreitar!

As regras que nem sempre são respeitadas

"O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional."
Código Deontológico do Jornalista

" A praxe é uma forma de engate gay"

Esta afimação lapidar ouvi-a um dia a um aluno da faculdade de desporto. Primeiro, pode parecer estranha mas depois se pensarmos bem, aquele comentário não é dificilmente defensável.
Primeiro, porque as provas que os caloiros têm de passar têm todas, mais ou menos, um cariz sexual.
Depois, porque segundo as regras da praxe académica, as raparigas praxam raparigas e os rapazes praxam rapazes. De onde, podemos concluir que a praxe promove insinuações sexuais entre membros do mesmo sexo.
Atrás de um traje preto de estudante, pode muito bem estar uma bicha trágica ou uma sapatona decidida.

"Já reparou...?"

O presidente da câmara municipal de Lisboa tem por hábito publicitar em outdoors a obra executada em certo local. O vício, que já lhe valeu algumas críticas, tem o mérito de lembrar a quem passa que existe uma entidade que recebendo dinheiro dos impostos é responsável por certas obras.
Vem isto a propósito de recentemente se terem iniciado as obras para o tunel das Amoreiras. O tunel que entra nas amoreiras e sai no Marques de Pombal passa portanto, por debaixo da Av.António Augusto Aguiar que está neste momento reduzida a duas faixas de rodagem por causa das obras que se iniciaram.
No inicio do Verão podia ler-se "já reparou no novo pavimento da Av. António Augusto Aguiar?". e agora pode responder-se: Já, já reparei, mas reparei também que durou 30 dias.

sábado, outubro 04, 2003

O jornalismo voltou?

Há uns anos atrás, havia um pequeno jornal chamado "Fiel Inimigo". Saía ás sextas-feiras e recomendava, o prazer da leitura que devia ser comprado com o semanário "Independente".
Nessa época, em que o P.S.D estava no governo, estes dois jornais faziam, um pela via do humor outro pela via da investigação jornalística (seja lá o que isso for), um desgaste semanal ao poder laranja que governava o país.
Hoje, começaram a surgir recidivas daqueles tipos de jornalismo. Por um lado, o jornal público tem um apêndice ás sextas-feiras, a que chamou de "Inimigo público" que não é mais que uma reedição do "Fiel Iminigo", por outro a televisão s.i.c começa a procurar as noticias escândalo.
Este dois factos, a reedição do jornal "Fiel Inimigo" e investigação jornalística de escandâlos decepadores de ministros, parecem anunciar ventos de mudança. Mas que ventos serão esses?

sexta-feira, outubro 03, 2003

Pessoas pouco comuns

Dedicado à filha de Martins da Cruz.

She came from Greece she had a thirst for knowledge,
she studied sculpture at Saint Martin's College,
that's where I,
caught her eye.
She told me that her Dad was loaded,
I said "In that case I'll have a rum and coca-cola."
She said "Fine."
and in thirty seconds time she said,

"I want to live like common people,
I want to do whatever common people do,
I want to sleep with common people,
I want to sleep with common people,
like you."

Well what else could I do -
I said "I'll see what I can do."
I took her to a supermarket,
I don't know why but I had to start it somewhere,
so it started there.
I said pretend you've got no money,
she just laughed and said,
"Oh you're so funny."
I said "yeah?
Well I can't see anyone else smiling in here.
Are you sure you want to live like common people,
you want to see whatever common people see,
you want to sleep with common people,
you want to sleep with common people,
like me."
But she didn't understand,
she just smiled and held my hand.
Rent a flat above a shop,
cut your hair and get a job.
Smoke some fags and play some pool,
pretend you never went to school.
But still you'll never get it right,
cos when you're laid in bed at night,
watching roaches climb the wall,
if you call your Dad he could stop it all.

You'll never live like common people,
you'll never do what common people do,
you'll never fail like common people,
you'll never watch your life slide out of view,
and dance and drink and screw,
because there's nothing else to do.


Sing along with the common people,
sing along and it might just get you through,
laugh along with the common people,
laugh along even though they're laughing at you,
and the stupid things that you do.
Because you think that poor is cool.


Pulp, Common People

Fim dos números clausus

O ministro da ciência e do ensino superior não se pode demitir nem ser demitido.
Na verdade, os estudantes devem estar agradecidos ao governante por ele admitir que com um simples requerimento a pedir um regime de excepção, do qual nem é necessário cumprir todos os requisitos, se possa sem ter de fazer quaisquer provas de acesso, entrar na universidade. A gabardina oferece uma minuta de um requerimento que deve ser preenchida, por todos os que queiram entrar na universidade, pelo contingente especial reservado a familiares de diplomatas.

Requerimento

.....(identificação do requerente) vem expor e requerer o seguinte:
1º o requerente durante a frequêncida do 12º residiu em Vigo durante mais de 24 horas pois foi com amigos passar um fim-de-semana. Na verdade, esse fim-de-semana prolongou-se para segunda-feira, dia em que saiu a última nota necessária para concluir o 12º, ora nesse dia o requerente ainda se encontrava em Vigo, pelo que concluiu o 12º no estrangeiro.
2º o requerente não é familiar de diplomata, mas sabe que para os efeitos deste regime basta que se cumpra um dos requisitos exigidos na lei.
Pelo exposto, requer que lhe seja atrubuida uma vaga no ensino univesitário no curso (...).

Certo do deferimento,
(assinatura)

Os donos do país

Os donos do país não precisam de entrar na faculdade para lá estarem.
Para os donos do país não há listas de espera nos hospitais.
Os donos do país não são multados quando infringem as regras de trânsito.
A única coisa que os donos do país não conseguem fazer é transportar o território nacional para a América do Sul.

Martins da Cruz e Pedro Lynce deram a Durão Barroso a oportunidade por que ele ansiava para remodelar o governo passando uma boa imagem para a opinião pública. Mas o primeiro-ministro continua a ter um gravíssimo problema: encontrar um único ministro que mereça não ser remodelado. Estou ansioso para ver quem serão os felizes contemplados...

quinta-feira, outubro 02, 2003

Selecção FCP

Scolari cedeu à pressão.
Agora é preciso começar uma nova luta! Tenho propostas para levar mais jogadores do FCP à selecção: Pedro Emanuel, Secretário (agora que o Paulo Ferreira parece ter perdido o lugar) e, a mais credível de todas, a naturalização rápida de Derlei ainda a tempo de jogar o Euro’2004!!!
Acham bem?

Sanidade Mental

A minha agradece ao Lisboa a Arder o facto de considerar que os meus raciocínios sobre o anonimato são válidos. Começava a achar que eram demasiado estranhos para serem compreendidos...
É que isto de andar por aí a abrir a Gabardina põe-nos um bocado doidos...

Palmas para o papa.

O descendente de S. Pedro na terra determinou algumas alterações às cerimónias litúgicas cristãs. Entre outras coisas pretende proibir os aplausos dentro das igrejas. Esta vontade do Papa foi vista como um passo atrás na aproximação da igreja aos seus fieis. Mas vejamos as coisas de outra forma.
Para quem entra numa igreja pela primeira vez e vê a figura de um homem magro, a sagrar por todos os lados, com espinhos espetados e pregado a uma cruz decerto que se espanta se os fiéis presentes aplaudem ou a cantam alegremente quando aquela imagem de dor e sofrimento está ali tão perto (diriam os mais inocentes que se aplaudem é porque tiram prazer daquela visão). Por isso, o que o Papa quer fazer é aproximar a prática cristã da sua essência, ou seja do sofrimento, da culpa e da esperança de felicidade apenas depois da morte. Pela coerência que revela, palminhas ao Papa.

Se não fosse o pior, seria o melhor

A campanha Vamos levar mais um jogador do FCP à selecção! (primeiro Baía, agora Ricardo Carvalho) teve ontem mais um cómico episódio.
No fim do jogo contra o Real Madrid, o locutor de serviço da RTP afirma: "Se não fosse culpado de dois dos golos do Real Madrid, Ricardo Carvalho teria feito um jogo perfeito!"
Será que Luís Filipe Scolari acha o mesmo? Hoje saberemos...

quarta-feira, outubro 01, 2003

E o País poderia ser tão melhor...

Se estes senhores parassem de papaguear as frases que lhes ensinam os seus directores de Marketing...
Uns querem governar até 2010. Outros a partir de 2006. E se uns governassem e outros fizessem oposição séria?

Argumentum baculinum