Lobby por uma saúde desregulada
Percebemos, sem surpresa, que os médicos portugueses estão contra a Entidade Reguladora da Saúde (ERS). Também sem surpresa, farmacêuticos e enfermeiros torcem o nariz à nova organização, sem saberem se acham bem ou mal, mas preferindo ir a reboque dos médicos a ir contra eles.
O que já é surpreendente é a credibilidade dada a esta posição dos médicos, quer pelos media, quer pelo Presidente da República.
Os automobilistas teriam alguma credibilidade se tivessem sido contra a polícia nas estradas? Os donos de restaurantes teriam credibilidade se fossem contra as inspecções sanitárias? Os presos teriam alguma credibilidade se não tivessem querido os guardas prisionais?
É conhecido o corporativismo da classe médica e o desastroso comportamento da sua Ordem que levou, em grande medida, ao estado actual da saúde em Portugal (nomeadamente impedindo o aumento de vagas nos cursos de Medicina). Sabemos também que existem várias autoridades administrativas independentes no nosso país(a ERSE e a ANACOM são apenas os exemplos mais conhecidos) e um pouco por todo o mundo mais desenvolvido.
Se o Presidente da República tem dúvidas sobre a constitucionalidade da ERS, que as remeta para o Tribunal Constitucional. Mas que não se atreva a ceder às pressões do lobby médico, pois tal seria desastroso para o nosso corrupto e já debilitado sector da saúde.
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