Marketing Sagrado
Confesso não saber o que pensar da situação actual do Papa João Paulo II. Confesso (e acreditem que me custa confessar) que a mais recente ofensiva do Vaticano “este esforço do Santo Padre contribui para mostrar que os fracos e desfavorecidos também têm um papel neste mundo” me faz vacilar.
Mas sei bem o que penso do que vi, salvo erro no Canal 2, no último fim-de-semana, logo pela manhã. Um documento de Marketing poderosíssimo e bem elaborado da Igreja Católica, que havendo ainda alguma vergonha na direcção de programas da RTP a deve ter feito corar de vergonha até aos dedos dos pés.
No meio de músicas católicas com ritmo (as famosas 37 proibições ainda não estão em vigor!) e de imagens comoventes do Papa, surgiam declarações de católicos consagrados como João César das Neves, Laurinda Alves e, se não me atraiçoa a imaginação, Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas o que mais interessante se viu no documento promocional foram as declarações de jovens cuja enorme projecção mediática, aparentemente desproporcional ao talento de cada um, até esse dia eu não tinha percebido: a fadista Mafalda Arnaut, o omnipresente Pedro Granger e uma daquelas irmãs boçais e irritantes, supostamente do jet set, que participam em tudo o que é novela, e que têm dois apelidos (qualquer coisa do tipo Brito e Moura ou Silva e Cunha).
Nesse momento percebi a desproporcionalidade.
O lobby católico pode ter perdido o Nobel para o lobby sapatona, mas ainda tem força para levar ao estrelato os seus meninos predilectos.
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