quinta-feira, novembro 17, 2005

Otários

Escreve o Prof. Vital Moreira que

Durante várias semanas, uma nutrida frente de media e de blogues entregou-se a uma aguerrida campanha onde se misturou a condenação sumária dos projectos de construção do novo aeroporto de Lisboa e do TGV e a exigência de publicação dos estudos correspondentes. Agora que tais estudos começaram a ser disponibilizados, quase todos os protagonistas da referida campanha fazem de conta que eles não existem...



A Gabardina, que nunca pediu os estudos, decidiu ir ler os que o Prof. Vital linkou. Ora o link levou-me a uma empresa, que promoveu os referidos estudos. A NAER - Novo Aeroporto, SA (levará o nome da empresa a algum pré-conceito nos estudos realizados?), tem por objecto "Proceder ao Desenvolvimento dos trabalhos necessários à preparação e execução das decisões referentes aos processos de planeamento e lançamento da construção de um novo aeroporto no território de Portugal Continental".

Começo a consultar os estudos e percebo que o único que equaciona o aumento de capacidade da Portela (e apenas para adiar a construção de um novo aeroporto) data de 1999. É, portanto, anterior ao 11 de Setembro de 2001 e à explosão das companhias low cost em Portugal, só para citar dois fenómenos relevantes. O documento, numa versão "scannada" ainda com algumas anotações à mão (já não existe o texto original no computador nem uma versão limpa em papel?), está escrito num português de fraca qualidade.

Todos os restantes relatórios, anteriores e posteriores a este, são sobre o novo aeroporto (SA?). O primeiro deles (ainda não da responsabilidade da Novo Aeroporto, que iniciou actividade em 1998), tem como capa a seguinte pérola:



Para realizar estas nobres tarefas a Novo Aeroporto, SA tem ao seu serviço sete funcionários e teve em 2004 custos com o pessoal que ultrapassaram os 369 mil euros (como pode ser comprovado no Relatório e Contas de 2004, disponibilizado no site).

Não são estes os estudos que temos que discutir. Não é esta a discussão. Queremos discutir se é preciso ou não um novo aeroporto. Em 2005, com o tráfego de hoje, depois do 11 de Setembro, com companhias low cost e de custos "normais". E talvez valha a pena discutir também quem é responsável pelas muitas centenas de milhares de contos que a Novo Aeroporto, SA gastou nos últimos sete anos.

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