quinta-feira, novembro 03, 2005

João Deão 38


A rapariga mais bonita do mundo dorme num segundo andar de uma pensão de duas estrelas. Ao ouvir a porta do quarto fechar-se, estremece, sussurra umas palavras tépidas mas não acorda. João desce as escadas da pensão, paga o quarto e envergonha-se com o sorriso do porteiro. Com passo acelerado, vai expulsando a raiva que o pedido de Isabelle lhe causou. Preservativos. Ele que estava disposto a correr todos os riscos por ela. Todos! Implicasse o que implicasse amá-la hoje, não ia aturar esse tipo de conveniências sociais. João fora traído. É carne em nervo a percorrer as avenidas com o peso do mundo nos pés. Uma voz chama-o.
-Então? por aqui? sozinho?
-Sim
-Vou ter com os amigos, não queres vir? Beber umas cervejas?
"Umas cervejas" eis a expressão que sincronizou o passo de João com o de Pedro, um amigo a quem não se tem de explicar nada, e que os guia na direcção do bairro alto.

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