quinta-feira, outubro 06, 2005

João Deão 32


Estabeleci a minha lojinha da foda no meio do passeio: um ândito solarengo, género open-space, em calçada Portuguesa a tornejar rua Almirante Reis para a rua Maria, e, que por ter chão calcário, permite de imediato, fazer o teste ácido-base à esporra do cliente. Aí, bati punhetas por atacado, fiz broches a retalho e, pari pelo gasganete, pregões de corar Calígulas. "Enche-me a tripa de carne"; "Amor, vai de apanha cavacas?"; "Atesta-me de meita, e arruma-me os lençóis da cona". Longos anos assar o olho e a boca do corpo com fricção de barrote zarolho, ensinaram-me o talmude das putas: é o jingle usas que escolhe a esporra que bebes. Era assim nos clássicos e é assim agora. O jingle para atrair anciões para arejamento das peles e tirar o mofo à pintelheira rala: "é a última amor". Para capões que só lambem: "Tu tens é tesão no cu, Oh! meu corno paneleiro". Para os juvenis basta olhar e exibir língua tesa. A esporra que se bebe dos velhos: uma aguadilha macilenta, dos panascas: pequenos grumos, e dos juvenis litradas de nha-nha peganhenta com sabor a diospiro verde. Todas as beberagens são ricas em proteínas e fazem bem à pele.

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