Ora cá está primeira contribuição escrita dos leitores da Gabardina. Venham mais!
Caros (ga)bardinos,
Em primeiro lugar não posso deixar de vos felicitar pelo vosso blog. Gosto do
vosso sentido crítico, oportuno e coerente.
No entanto, e porque os vossos posts nem sempre estão isentos das vossas
ideias políticas, sinto o dever de comentar o seguinte post:
"Quais as diferenças entre a direita e a esquerda?
Para além, de todas as discussões que já mantive sobre o assunto, as
diferenças essenciais e tendenciais parecem ser:
a direita considera que o elemento irredutivel da sociedade é a familia, a
esquerda considera que é o individuo; a direita considera que o homem é um ser
essencialmente mau (homine lupus homini est), a esquerda acredita no bom
selvagem; a direita quer essencialmente a conservação do que existe, a
esquerda quer alterar o status quo.
E já está."
Entendo que:
1. Atribuir à esquerda a exclusividade da ideia de que o homem é bom, o que
legitima o sentimento de exclusividade no que respeita a tão nobre atitude (o
humanismo), é próprio de quem não quer mudar as coisas mas sim garantir monopólios.
2. A direita entende que o núcleo central é a família, dizem vocês. Devo
informar-vos que a maior aberração ao nível fiscal consiste no sistema de
tributação conjunta no IRS, que se materializa na aplicação do quociente
conjugal. Apenas alguns países europeus (julgo que apenas a França e o
Luxemburgo) têm este sistema que distorce a justiça e equidade do sistema
fiscal. Entende o estado que assim garante a manutenção da família como
unidade económica. Este sistema foi inventado pela esquerda…
3. "Já está" é uma expressão semelhante ao "ponto final" ou ao "é assim", etc.
bem diferente do "porque eu quero", uma vez que esta última reflecte a
verdadeira intenção do indivíduo: é sinal de liberdade! Ora, pelo que tenho
ouvido, o homem de esquerda tem vindo beber muita inspiração nas ditaduras
militares. Atrevo-me a dizer que já está e tá mal!
4. E porque nem só de crítica vive o homem, cito Marcelo Rebelo de Sousa que,
na qualidade de líder do PSD, disse um dia que a grande diferença entre a
direita a esquerda, é que a primeira via o cidadão como accionista do estado,
enquanto que a segunda via-o como cliente. Esse homem, entre a leitura de BD,
da proposta para o OGE e da emissão de um parecer jurídico, resumiu em poucas
palavras o nosso país guterrista: os rendimentos mínimos, os subsídios e toda
essa macacada que faz do homem um bom selvagem…
Saudações cordiais, porque abraços é para quem gosta de pessoas...
Daniel Taborda