quinta-feira, setembro 11, 2003

Poema genial

Quero partilhar com quem lê um poema de Clarisse Lispector que Duda Guennes incluiu no texto que publicou na Bola do passado Sábado. Depois de uma rápida pesquisa no Google percebi que este poema consta de muitos blogs brasileiros, mas de poucos (ou nenhum) portugueses. O poema pode ler-se de cima para baixo ou de baixo para cima. Ora experimentem:

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade


Que inveja de tal domínio da língua! Até hoje só tinha "visto" este fenómeno num texto de uma peça do Jacinto Lucas Pires (Arranha-Céus, parece-me), mas este tem a particularidade de as duas versões terem significados opostos.
A minha vénia, de gabardina respeitosamente fechada, a Clarisse Lispector.

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