terça-feira, setembro 16, 2003

O ódio aos jornalistas (resposta)

Breves respostas a JPH do Glória Fácil (post "O ódio aos jornalistas"):

1) Não percebo porque coloca jornalistas entre aspas, nem por que razão diz que paira na blogosfera um certo ódio a eles. A gabardina não os odeia, com ou sem aspas, tal como, seguramente, não os odeia a maioria dos bloggers.

2) Alguns jornalistas são "manipuladores, arrogantes, autistas, sobranceiros". Concordo.

3) Os jornalistas são divas insuportáveis... Sabe, JPH, só (mais ou menos) 0,01% da população portuguesa (mais ou menos 1000 pessoas) não ligada profissionalmente aos jornais, saberia, antes da criação do Glória Fácil, quem são Maria José Oliveira, João Pedro Henriques, Nuno Simas e Ana Sá Lopes. Depois da criação do blog talvez esse número tenha crescido para 0,015%... Não têm razões para ser divas insuportáveis...

4) O "ódio" aos jornalistas como aos parlamentares, não é ódio, é desagrado, e não vem do salazarismo, vem da falta de ética e/ou de qualidade profissional da maioria de uns e outros.

5) Em relação a si, a afirmação anterior é suficientemente comprovada pela seguinte frase, por si escrita: "O jornalismo, como o parlamentarismo, vive do conflito, da exploração das dissonâncias, desassossega, inebria-se com o cheiro da pólvora."

6) O país não precisa de ser "ensinado" pelos jornalistas. Apenas informado de forma isenta.

7) O "terceiro estado", "supostamente menos culto e educado", não lê o Público (pelo menos na opinião do departamento de Marketing do vosso jornal, que se orgulha de ser lido pelas classes A e B) e provavelmente não lerá o Glória Fácil. Para quem acusa outros de influências salazaristas, a expressão não lhe fica muito bem...

8) Os jornalistas são cidadãos como outros quaisquer. Podem ser tão desbragados, gregários e alcoolizados quanto lhes apetecer. E a sua legitimidade para divulgarem publicamente factos com o carimbo de verdadeiros vem do seu comportamento ético irrepreensível. O que no vosso caso, é seriamente comprometido pelo tom do Glória Fácil.

9) O anonimato ou não, num blog, é a escolha de cada um. Os textos do Glória Fácil, escritos por vós, seriam, do ponto de vista ético, igualmente graves se não estivessem assinados.

10) E se o juiz Rui Teixeira tivesse decidido "apenas blogar" e fosse o autor dos blogs com versões alternativas do caso Casa Pia?
E se um árbitro de futebol decidisse "apenas blogar" e fizesse um site anti-sporting, por exemplo?
E se um director de uma empresa decidisse "apenas blogar" e revelasse factos confidenciais da sua empresa?
Por que é que um jornalista pensa que pode "apenas blogar" e dizer mal daqueles sobre quem escreve diariamente, supostamente de forma imparcial?

P.S.- Pelo muito que a irrita este tema, a gabardina decidiu abrir-se, um pouco mais longamente do que é seu hábito, sobre ele e enviará este texto aos visados, para que não se diga que se abre cobardemente.

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