sábado, setembro 09, 2006

Amor&Carinho

Do que os jogadores do Benfica precisam é de amor e carinho, terá dito Mário Wilson sobre o plantel dos encarnados há já alguns anos. E quem não precisa? Nos dias que correm em que se fala de crise, de terrorismo, de catástrofes ambientais, de guerras, de fome, de pragas, de tantas e tamanhas maldades indescritíveis por esse mundo fora, que nos tornam em cínicos de cara fechada, que não esbocam um sorriso para não revelar fraqueza, que não estendem a mão para levantar uma velhinha que caiu na rua, não serão estes sinais claros de que todos nós precisamos de ouvir a sabedoria do velho capitão?

As caras fechadas no metro e na rua, a irritacao latente dos condutores no trânsito, as respostas tortas nos servicos e lojas não são nem devem ser todas explicadas pela crise económica, que, acrescente-se, já serve de bode expiatório para quase tudo na nossa sociedade (um destes dias, de tão omnipresente, destronará o tempo como conversa número um nas conversas de elevador).

Invertendo, ou melhor, corrigindo esta implantada ordem das coisas, não será melhor considerarmos que é o índice de amor e carinho de uma dada sociedade que rege a economia? E assim, se nos concentrarmos na obtencao de felicidade como meta última das nossas existências, não estaremos, por forca da das rígidas leis económicas e sociais que criámos, a melhorar as nossas vidas? Valerá a pena desperdicarmos o tempo que temos em ser cinzentos e tristes, em lamentarmos as perdas e a pensar no que não temos?

Não é melhor aproveitarmos para andar na rua com um sorriso na cara (ainda que isso tenha tendência para fazer com que sejamos olhados de lado e julgados como malucos), deleitarmos os sentidos com todas as pequenas maravilhas que nos rodeiam (cores, formas, cheiros, sons, texturas, sabores...)? Claro que nem tudo é bom, nem tudo são rosas, como diria alguém. Mas, sem dúvida, haverá qualquer coisa a ganhar em termos uma abordagem optimista, curiosa, experimentalista, mesmo que seja um pouco ingénua, como a que tinhamos em criancas (desde que não tenhamos vivido fechados com um sociopata durante uns quantos anos), preocupados com o bem estar dos outros e sempre movidos pela sede da novidade! Se calhar alterámos a nossa ordem de valores e deixá-mo-nos enredar demasiado em preocupacões, alterando o prisma pelo qual percepcionamos a realidade, de forma que, agora, a vemos sempre com má cara...

Já estou a ouvir os comentários sarcásticos daqueles que ostentam a máscara da indiferenca amarga para se protegerem do mundo em que vivem (mesmo que seja o mundo em que vivem as pessoas que pretencem aos 90% com melhores condicoes de vida do planeta): ?- Ah, ah. Queria ver-te a dizer isso se estivesses desempregado! Ou doente! Agora se fosse rico...ou famoso!?. Ao que devo inapelavelmente responder, de uma maneira obviamente carinhosa: Vão p`ró c...!!! Mas felizes...

Agora, se me dão licenca, vou ali pregar aos peixes...

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