quarta-feira, agosto 23, 2006

Álcoois I I I

Confesso. Queria embebedar-me. Muito. E estava devidamente sozinho num bar, e precisava de fazer alguma coisa para continuar a beber e meti conversa com a primeira rapariga que me apareceu à frente. E se me pagasses uma cervejita? Esbugalhou os olhos, torceu o nariz e franziu a testa.

Como demorasse a reagir, disse. Desculpa, estava brincar, pensava que eras outra pessoa. O que eu queria era um Gin. Tónico. Podes ir buscar? Fomos ao bar ela pagou-me um, e eu paguei-lhe outro. Linda e maravilhosa era garrafa de onde sairiam ainda mais dois para os nossos copos. Conversamos, melhor, ela conversava e eu bebia, e às vezes acenava com a cabeça. Depois de nos ser sido recusado o terceiro Gin -ainda que prometêssemos ser o último- pensei: ou me piro já para casa, ou se quero continuar a beber tenho de a beijar já. Beijei-a. Nada a dizer. Escalope na medida certa, fricção labial frouxa ao inicio, mas forte no final. Impecável. Apetecia-me... mais... uma cerveja. Pedi. E depois mais duas. Saímos, e fomos, creio que de mão dada, a um barzinho onde há sempre sofás vermelhos livres, música ao vivo e um dos melhores Gin tónicos que conheço. Sim, fomos mesmo de mão dada, pois recordo que já no bar, larguei a mão dela para pagar o Gin. Aí, ela pendurou-se no meu pescoço, encostou-me ao bar e imprimiu-me este chupão, onde, agora, passo dois dedos. Não fora a frescura divinal do Gin e pelo chupão, tinha-a deixado ali.

Passaram os hits do Verão de 67, as putas de 89 e os chulos de sempre. Como os meus lábios já passavam mais tempo com os lábios dela que com um copo de vidro, e como as minhas mãos já estavam há mais tempo nas costas dela que a fazer sinal ao empregado para trazer mais uma cervejita, decidi que era tempo de ir para casa.

Creio que nos beijamos mesmo até eu abrir a porta. Entramos. Então, com a segurança, de quem sabia perfeitamente como é que a noite ia acabar, disse: menina, as casas são todas iguais, estás à vontade, podes dormir onde quiseres... Fui ao frigorífico, tirei a ultima cerveja e sentei-me na mesa da cozinha. No exacto momento em que o nível da cerveja passou o letering "SuperBock", apareceu-me a alminha da rapariga de cuecas à entrada da cozinha. Confesso que já me tinha esquecido que a tinha em casa, e pensei: "mas que raio está a fazer uma rapariga semi-nua à entrada da cozinha?". Disfarcei a surpresa e disse: "Das duas uma: ou estou mesmo com os copos e já me ia deitar, ou estou mesmo com os copos e já me ia deitar". Levantei-me, enchi um copo com água, passei por baixo do braço dela, afaguei-lhe as costas e disse: "Põe um trapo no pêlo que ainda agarras uma constipação". A seguir, dormi 13 horas.

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