quinta-feira, julho 21, 2005

continua amanhã

Ele há coisas indesculpáveis. Mesmo para um bom feitio como o de Júlio, sacristão a fazer serviço extra em duas igrejas perto de Cinfães, é difícil aguentar. E nem foi pelo dinheiro, porque felizmente a vida sacra ainda vai dando para os gastos, foi pela moral.
Vindo de Cinfães a Lisboa tratar de uns papéis ao patriarcado, Júlio pressentiu quando recusou um lanche ajantarado, na cantina do convento de São Vicente de Fora algo iria acontecer: "Obrigado, deixe estar, que antes de apanhar o comboio como alguma coisa por aí." Eis a ordenação das palavras que o condenaram, muito antes de ter entrado numa loja de conveniência, pedido um pacote de leite e um saco de pão e lhe terem sugerido que a despesa será de dois euros e sessenta cêntimos. Escrevo por extenso porque o que seguiu precisa desta respiração prévia.

1 comentário:

Anónimo disse...

E este pacotinho de leite nem foi caro... não senhor.
caro caro foi o leite que gerou a afilhada do vigário lá da terra, a Manuelinha, a dos óculos grossos e cumpridos vestidos cor de rosa às bolinhas brancas...com rendas...sim essa...
a Cristina, a mãe da Manuelinha, cujo namorado (já prometido a marido pelas graças de nosso Senhor) infelizmente morreu lá na guerra... coitado...nem chegou a tempo de ser apresentado à aldeia, ... dizia eu que a Manuelinha com uma simples vontade de um garoto pingado anda faz mais de trinta anos a pagar o leitinho abençoado... o que vale é que o senhor vigário é generoso. E está o pingadito, nos tempos de hoje, a 0,50 ?