Ás duas da tarde o sol vaporiza tudo. Pelo menos naquela rua. Cheia de pó e árida. Um espelho da luz incandescente do sol a pique. Bem no meio das ondas de calor: um homem. Baixote, atarracado, sem pescoço e a acartar baldes de tintas cheios areia. É pedreiro. O único no pais que trabalha às duas da tarde debaixo do calor extremo. Barriga em "b" descaído, camisa aberta até ao umbigo, cara redonda e cigarro acesso equilibrado na ponta dos lábios. A brutalidade do trabalho é contraposta pela delicadeza de fumar e pela finura do comentário. Agarra num balde cheio de areia fervente, instala-o ao ombro, dá-lhe apoio com o pescoço e roda em direcção à casa que está a construir. Um revirar de olhos, uma baforada delicada e o litro de vinho do almoço pare a primeira nota oral vespertina: "queres mais investimento, tu queres é a coroa peniana dentro da cavidade oral."
quarta-feira, junho 01, 2005
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