A dor
2 de Julho de 1998. 10 anos amanhã. A Praça mais bonita do mundo cheia de milhares de pessoas. Dos rapazes que vêem na imagem só quatro contam. O das riscas, da Istrice, na retaguarda, ficou com uma pista de partida má. O de roxo, da Torre, está a ser tapado pelos inimigos da Onda, de azul e branco, enquanto o de amarelo e verde, da Oca, amiga da Onda e inimiga da Torre, corre tranquilo para a vitória. Os outros tipos, tramados pelo sorteio dos cavalos, correm em pilecas, sem qualquer hipótese de triunfo.
Um ano antes aquele pouco mais de minuto de corrida teria tido tanto significado para mim como este texto deve estar a ter para quem o lê. Naquele dia, a emoção foi enorme. Pela beleza do que se passava à minha volta, mas sobretudo porque estava a três dias do fim da minha aventura.
A dor desses três dias foi seguramente diferente da dor que sinto neste momento. Mas são duas das maiores que já tive. E o que custa é a certeza de que há dores muito maiores por aí à solta. O que dá vontade é abraçar esta dor grande que sei pequena, habituar-me a ela e trazê-la comigo, como gostaria de ter trazido aquele ano. Talvez seja ilusão, mas parece-me que o que está sempre connosco, o que acarinhamos, não nos pode magoar assim tanto.
Agora que a dor começa a passar, dá vontade de lhe piscar o olho e dizer "vem daí comigo!" O meu medo é que com as dores grandes-grandes já não seja assim.
5 comentários:
Posso fazer uma pergunta estúpida? Mesmo estúpida? Não podias ter ficado por lá? Se gostaste assim tanto, se foi um ano tão especial, não era de ter tentado? Não sei...pergunto...se fosse eu, se calhar, teria ficado...porque não? Há coisas que se cruzam no nosso caminho uma única vez na vida...
:)o problema é que "lá" não existe. Nunca tinha existido e nunca mais existirá. O "lá" era a conjugação daquelas pessoas e daquelas circunstâncias e ainda do fundamental pressuposto de que "aquilo" só acontece uma vez na vida - e, por isso, pode ser vivido ao máximo, sem grandes regras nem respeito pelo corpo ou pela saúde.
O facto de se saber que é a excepção quando "lá" se está não quer dizer que vir embora não seja muito difícil.
Eu não queria ter ficado. Mas tive pena de perder aquele mundo.
Conheço vários casos de pessoas que acharam que podiam ficar lá mais um ano. Todas se arrependeram. O "lá" já não estava lá...
já agora, pode não paracer mas este post era sobre a minha dor no joelho... porra, que doeu! :)
Ironia do destino, mas conheço (ou qualquer coisa de semelhante) essas tuas dores. Obrigada pela ideia de as abraçar e fazê-las parte de nós. Não sabes como hoje isso faz tanto sentido para mim, tanto!
beijo grande
Esses italianos sao doidos. Vale o ceu nao lhes cair em cima da cabeca. Mesmo que tal aconteca, haverá sempre um Berlusconi a recompor as pecas.
Tudo bem?
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