sexta-feira, julho 28, 2006

Lost in the supermarket

É típico. Sempre que venho da praia à hora de jantar e paro num supermercado para comprar qualquer coisa, acontece sempre o mesmo. Enfim...entro vestido como com quem acaba precisamente de sair da praia. Chinelos com pó, calções velhos e t-shirt rota. Cabelo desgrenhado e aquele olhar de fome que só quem já passou três horas a surfar consegue ter. Passado um minuto, digo um minuto mesmo, tenho um segurança a bailar atrás de mim. Faz-se notar, pára ostensivamente, segue-me com o olhar. Preencho o cliché que a empresa de segurança o fez fixar de gente que furta em supermercados e só por isso tenho de levar com ele. Está bem.

quinta-feira, julho 27, 2006

Filosofia de vida

Os noticiários não param de passar imagens de escombros. Aposto que são os marotos do Sócrates e do Belmiro a dar conta dos restantes mamarrachos de Tróia.

Trocadilho verdadeiro e uma consideração


A perda da inocência ocorre com a constatação de que a técnica é indispensável. A recuperação da inocência ocorre quando se consegue dispensar a técnica.
Foi o trocadilho. Segue a consideração.
E porque o ciclo se fecha: é verdade. E só as coisas redondas são verdadeiras,porque só elas reisistem ao tempo. A verdade, amigos, não é uma qualidade mas uma duração. É a constancia no tempo.

quarta-feira, julho 26, 2006

NOT

I'm going to be just like you; the job, the family, the fucking big television, the washing machine, the car, the compact disc and electrical tin opener, good health, low cholesterol, dental insurance, mortage, starter home, leisurewear, luggage, three piece suite, DIY, game shows, junk food, children, walks in the park, nine-to-five, good at golf, washing the car, choice of sweaters, family Christmas, indexed pension, tax exemption, clearing the gutters, getting by, looking ahead, the day you die.

Do écran para o mundo IV


Trainspotting - Choose life
"I chose something else"

João IV


João trinca uma flor amarela. Está deitado no carro com os bancos reclinados. Teresa agarra-o pelo braço e encosta a face no ombro escutando o som da pele transpirada quando devagarinho se afasta dele.
João:
Ia ao Algarve fazer um estágio na estação de correios para onde fui destacado.
Teresa:
Trabalhas nos C T T?
João:
Sou carteiro.
Teresa:
Eu ia para Lisboa, estava de banco no Santa Maria.
João:
És do Algarve?
Teresa:
Mais, ou menos. O meu marido é...casamos ontem...
João:
E a aliança?
Teresa:
Tirei-a antes de te pedir os cigarros.
João:
Ainda bem que a tiraste.

terça-feira, julho 25, 2006

Nada contra

Os trabalhadores por conta de outrem que passam recibos verdes pagarão mais segurança social por causa disso?
Muito bem. E no dia em que eu deixar de os passar passam a pagar-me subsídio parcial de desemprego? Ou o meu dinheiro servirá para pagar as reformas milionárias do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Depósitos?

João Deão III


João dorme. Teresa passa os dedos pelo cabelo de João enquanto observa a longa fila de carros parados. Chapéus de praia abertos espalhados pelos lados da auto-estrada. Grupos de pessoas em redor das sombras das arvores isoladas no meio da erva dourada. Muito pouca actividade. Apenas algumas crianças jogam às escondidas entre os carros. Teresa limpa suavemente o suor da testa de João com o indicador. Passa com o dedo nos lábios dele. João acorda e tenta afastar a cara. Chiu, descansa. Ela inclina-se para a frente e beija-lhe os lábios fechando os olhos. João tenta resistir mas ao sentir o sabor fresco da amarga que Teresa trincara sente que esse beijo é a única coisa que faz sentido nesse meio de tarde de Verão.

segunda-feira, julho 24, 2006

Do écran para o mundo III


Bowling for Columbine - Uma breve história dos EUA

A decadência da minha cidade


Se tivesse que escolher uma figura que representasse as pessoas da minha cidade seria o Mickael Carreira.


Que está em início de carreira mas já se acha o "máior".

Que deve ganhar imenso dinheiro apesar de não fazer nada de útil para o mundo.

Que nunca teria o emprego que tem se não fosse filho de quem é.

sexta-feira, julho 21, 2006

João Deão II


O som de um carro que tenta derrubar os rails da auto-estrada acorda João. Que barulheira. O tipo ainda se vai é magoar. Incapaz de lidar com a intimidade que a posição com Teresa supunha, levanta-se como uma massa mole e arrastada. Tenho que ir buscar água. Queres água. Eu trago. Ainda tenho. Não preciso. O tempo que dormira dera-lhe uma sensação de peso, de prostração e uma certa dificuldade em manter o equilíbrio. Pálido começou a descer as quadrículas de pedra da base da ponte em direcção à auto-estrada. Um pé mal posto, e uma porção de areia esguia fizeram-no escorregar e criar aquilo a que os miúdos chamam de bate-cu. Tal foi secura do choque que trincou a língua. João quase nem se apercebeu, tal era o estado de dormência em que a sono o tinha deixado, mas quando deixou a sombra da ponte e leva com o Sol de chapa na nuca acorda para um estado de absoluta tensão. Faz movimentos abruptos, rápidos enquanto frenético procura uma porcaria de garrafa de água que ele jurara que comprara ontem. Onde está? Não tens pernas! Não ias fugir! Mas onde raio... então recordou os miúdos que se guerreavam em cima dos jipe. Bate com força a porta do carro e exaspera pela primeira vez por estar assim parado no meio do Alentejo. Que grande merda! E volta de gatas a subir as lages da ponte onde Teresa dava agora um pequeno gole numa garrafa de água. Magoaste-te? Estiveste a dormir e ficaste com a tensão muito baixa, por isso é que...Teresa ri-se com a boca mas mostra carinho com os olhos. João senta-se desengonçado, mete a boa na garrafa de água e sorve um grande gole. Depois dá AHHHH de satisfação ostensiva como se assim gozasse com as circunstâncias, coloca a parte interior do cotovelo sobre os olhos e tenta dormir.

quinta-feira, julho 20, 2006

João Deão I



A2. 15 de Agosto. Duas das tarde. 55º. Trânsito parado como paradas ficam as serpentes gordas e pretas nas curvas a rebrilhar ao sol. Pernas e braços pendem das janelas e portas abertas. Dois miúdos fazem dos tejadilhos abertos dos jipes trincheiras e atiram sacos com água. João e Teresa estão debaixo de uma ponte à sombra. Estão aqui há 24 horas. Teresa prende os cabelos com um lenço, limpa o suor do nariz com os dedos. Atira ar para a testa quando João lhe pega na garrafa de água e sem lhe tocar com os lábios, a verte para a boca. Já bebi chá quente mais frio. Estás a entornar tudo. Teresa pega no lenço que tem no cabelo e oferece-o a João. João recusa e passa as costas da mão pela boca para se limpar. Estou a começar a passar-me com o raio dos putos a desperdiçarem água. Teresa puxa uma erva que cresce entre duas lajes. Tenta mas é dormir, se começar a andar chamo-te. João fecha os olhos com força, passa os dedos sobre as pálpebras, deita-se muito direito sobre as lajes frescas. Teresa afasta uma pedra do sítio onde ele encosta a nuca, e encosta-lhe a cabeça sobre o colo. Os miúdos param de atiram água e João dorme encolhido sobre o colo de Teresa que de pernas cruzadas apoiada para trás pelos braços masca o resto da amarga que arrancou do chão.

quarta-feira, julho 19, 2006

Sobre a falência da Segurança Social

Considere-se um indivíduo que:
ganha 1000 euros por mês;
descontará para a segurança social dos 30 aos 65 anos;
viverá até aos 80 anos.


E uma segurança social que:
consegue, em média, taxas líquidas de 5% para as suas aplicações (baixas tendo em conta o volume de dinheiro que gere);
recebe 34,75% dos rendimentos dos trabalhadores.


Os descontos do primeiros mês de trabalho do indivíduo (347,5 euros), 35 anos e um mês depois, quando ele receber o primeiro mês de reforma, terão sido transformados pela segurança social em 1925 euros. O mesmo acontecerá com cada um dos restantes meses.

Supondo que o indivíduo receberá de reforma 1500 euros por mês (tenho sérias dúvidas que seja tanto), sobram por mês 425 euros dos descontos deste contribuinte médio.

Quando ele morrer, a segurança social continuará a receber 1925 euros por mês, durante 20 anos, o que completará, sem juros, a quantia de 539.000 euros. Somando-lhe os 425, 14 meses por ano, durante os quinze anos que receberá a reforma, temos um lucro total para o sistema de 628.250 euros. Mais de 125 mil contos.

Considere-se uma taxa de desemprego média de 10% e baixas que representem 3% do total do mercado. Sejamos benevolentes com os assessores e considere-se que os custos administrativos ascendem a 7% do sistema. Estes custos somados representariam 20% do dinheiro que a segurança social teria disponível para pagar ao reformado ao longo dos 35 anos. Ou seja, 188.650 euros.
Do lucro do sistema sobrariam ainda 439.600 euros. Por contribuinte médio.

A segurança social está falida? Não tem viabilidade?
Vai um PPR?

Santinha de Balasar


Com a devida vénia ao Eduardo Brito, que, ao enviar-me este ficheiro, me proporcionou horas e horas de riso.

Compras

Pá e vassoura a 1,99 no Lidl.
É bem!

terça-feira, julho 18, 2006

Do écran para o mundo II


Clube dos Poetas Mortos

«Oh Captain, my Captain!»

segunda-feira, julho 17, 2006

Tu che sei diversa

Amigos. Sol. Banhos. Ping pong. Música.



Sai, la gente e' strana
Prima si odia e poi ama
Cambia idea improvvisamente
Prima la verità, poi mentiranno senza serieta'
Come fosse niente

Sai, la gente matta
Forse troppo insoddisfatta
Segue il mondo ciecamente
Quando la moda cambia
Lei pure cambia
Continuamente, scioccamente

Tu, tu che sei diverso
Almeno tu nell'Universo
Un punto sei che non ruota mai intorno a me
Un sole che splende per me soltanto
Come un diamante in mezzo al cuore

Tu, tu che sei diverso
Almeno tu nell'universo
Non cambierai
Dimmi che per sempre sarai sincero
E che mi amerai davvero di piu' di piu' di piu'


Sai, la gente è sola
Come può lei si consola
Non far si che la mia mente
Si perda in congetture, in paure
Inutilmente e poi per niente

Tu, tu che sei diverso
Almeno tu nell'Universo
Un punto sei che non ruota mai intorno a me
Un sole che splende per me soltanto
Come un diamante in mezzo al cuore

Tu, tu che sei diverso
Almeno tu nell'universo
Non cambierai
Dimmi che per sempre sarai sincero
E che mi amerai davvero di piu' di piu' di piu'

Non cambierai
Dimmi che per sempre sarai sincero
E che mi amerai davvero, davvero di piu' di più di più


Almeno tu nell'universo

sexta-feira, julho 14, 2006

Do écran para o mundo I



Nanni Moretti, Abril

«D'Alema, diz uma coisa de esquerda! Diz uma coisa, ainda que não seja de esquerda!»

choque

O choque de civilizações nem está nas diferenças religiosas, nem nos diferentes estados de desenvolvimento. Não está na incorporação democrática nem na defesa do capitalismo. O choque de civilizações está na pastelaria do bairro. O choque de civilizações acontece geralmente pelas sete e meia da manhã quando um homem de 34 anos, vermelhíssimo do sol, bebedíssimo da cerveja e excitadíssimo por duas mulheres, uma acobreada e outra aloirada, também bêbadas, vermelhas e excitadas, troca um olhar com um homem de 36 anos, magro, esquálido e triste. O choque de civilizações acontece porque os três que fumam, emborcam cervejas e fixam os olhares uns nos outros, transmitem um ritmo que o homem recém acordado não reconhece e estranha porque lhe é exterior. E mesmo que estivesse disposto a compreender os três que enchem a pastelaria de fumo e de hálito de bêbado, teria que se embriagar, mas como entra às oito menos um quarto não pode. O choque de civilizações nada tem que ver com a religião, nem com o desenvolvimento económico, democracia, ou capitalismo. O choque de civilizações tem que ver com o tempo e por isso com os ritmos que se produzem.

quinta-feira, julho 13, 2006

Para um fartote dos anos 80

Os Verdes Anos.

Heidi

tom sawyer

Verano Azul

sport billy

Il Etait Une Fois... L'espace

Cités d'or - Générique Français

quarta-feira, julho 12, 2006

Que bom era ter MTV em 92


Vanessa Paradis, Be my baby

terça-feira, julho 11, 2006

Actualização do insulto

proposta

Primeiro, é necessário substituir, os fatos escuros dos homens apoplécticos da Federação Portuguesa de Futebol, pelas batas brancas dos cientistas lingrinhas ruivos.

Depois, é necessário, vender os estádios construídos para o Euro e vender o passaporte do Cristiano e do Figo aos Árabes.

Finalmente, é urgente que os cientistas viajem para Teerão com malas de metal cheias do dinheiro daquelas vendas. Pois, Portugal só ganhará um mundial quando tiver armas nucleares.

segunda-feira, julho 10, 2006

O mistério


Pode estar desfeito o grande mistério do Mundial. O que disse Materazzi a Zidane? De acordo com o Guardian, chamou-lhe terrorista. O que para Zidane, francês de origem argelina, terá sido o suficiente...

though I knew she was sleeping



The guys selling loose joints are giving the city half of their income tonight

Why i don´t like Mondays

Tuga politicamente correcto: "então, a Itália lá ganhou?"
Tuga politicamente tuga: "nem vi"

sexta-feira, julho 07, 2006

Miss Mundial




Suécia, Gana, Brasil ou EUA.

A dificuldade está na escolha...

quinta-feira, julho 06, 2006

Vão para casa

Foi o que eu ouvi dois minutos depois do golo do Zidane, assim que atendi o telefone.
Vamos. Mas vamos contentes, apesar da tristeza de ontem.
Agora, para mim, o Mundial tem outro hino:


Fratelli d'Italia,
L'Italia s'è desta,
Dell'elmo di Scipio
S'è cinta la testa.
Dov'è la vittoria?
Le porga la chioma,
Chè schiava di Roma
Iddio la creò.


Stringiamoci a coorte,
Siam pronti alla morte.
Siam pronti alla morte,
L'Italia chiamò.

quarta-feira, julho 05, 2006

O dia em que o Futblog Arte morre



Morre hoje o melhor blog português sobre bola. Morre 24 anos depois da morte do Futebol Arte, aos pés e cabeça de Paolo Rossi, Tardelli, Conti e Cia.. Nesse dia de 82, Sócrates, o Magrão, o homem que jogou a segunda parte de um amigável todo de calcanhar, por respeito ao público (e marcou um golo) foi derrotado pelo pragmatismo italiano.
O blog acaba, simbolicamente, à hora do jogo.
Menos de três horas depois começa o Portugal-França dos nossos sonhos. Do Ronaldo e do Henry, do Deco e do Zidane. Do Figo. Talvez o Futebol Arte se revolte e renasça das cinzas, vingando o Sócratres e o Zico, como o Ronaldinho e o Kaká não foram capazes de fazer.
Aos companheiros do Futblog Total deixo um abraço. Grandes textos nos deram!
E como se costumava dizer por aí:
Um especial Bem Hajam
Mário Queluna e Gabardina