segunda-feira, abril 04, 2005

A igreja condena epidural

Os últimos dias de agonia de um homem polaco foram uma bela lição. Um ensinamento sem paralelo sobre o que é o cristianismo, o que é a igreja e em que assenta toda a cultura ocidental. O culto do sofrimento, o desejo erótico da morte, o eterno retorno de Cristo à terra, são os pilares onde assentam as fundações da cultura individual e colectiva do ocidente. Se ser cristão implica ver no sofrimento o modo de chegar a Deus então nenhum cristão quererá acabar com o sofrimento, pois isso era condenar a sua chegada a Deus. Recordemos a fundamentação cristã das dores de parto: um castigo de Deus às mulheres pelo pecado original. Este assunto merece uma vida de trabalho ou um post pequeno, como estudo outra coisa, fico-me pelo post. Só mais uma coisa: é que durante estes 3 dias de novela mórbida morreram vitimas de extrema pobreza 30 000 miúdos por dia. Ou seja, 10 000 possíveis papas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ehehe...

É a Igreja e o Estado Português, ambos pugnam pelo justo sofrimento humano...
É que aqui há uns tempos saíu nos jornais uma estatística qualquer segundo a qual os médicos portugueses - com privada, claro, esses malandros do costume - andavam a dar epidurais às grávidas com elevados custos para o Estado.
Ora, uma vez que vivemos num Estado supostamente laico, só posso concluir que os governantes laicos estão de acordo com a igreja católica, pelo que a censura às epidurais está patente na concordata...

Será que consta também a proibição da realização de mais que três ecografias durante a gravidez?
É que se se fizerem 10, poderemos estar a evitar alguma malformação e isso vai contra a doutrina.

Ainda bem que o Estado é uma pessoa de bem...tal como a Igreja!