Portugal volta em Setembro
O país está parado. Nada aconteceu de extraordinário nas últimas semanas. As autoridades não prendem pedófilos, já ninguém liga à Fátima Felgueiras nem à Edite Estrela e as discussões sobre o Código do Trabalho e o projecto de Constituição Europeia não entusiasmam ninguém. Não há paciência para as visitas da família do Carlos Cruz à penitenciária e os concursos trogloditas da TVI não têm audiências. Perdemos o medo da Ferreira Leite e as contratações do Benfica não estão a provocar o frenesim habitual. Ainda pensei que as alarvidades proferidas pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Vasco Valdez, a propósito da SISA (dupla tributação dos terrenos) nos proporcionassem uma acesa discussão. Mas nada. Provou-se mais uma vez, como se tinha provado já aquando do depoimento de Paulo Portas no âmbito do caso Moderna, que os jornalistas portugueses nada percebem de finanças e impostos. Ou então fazem-se de despercebidos. Deste modo, os telejornais voltaram a dedicar-se em full time aos crimes no interior do país e aos acidentes no IP5. E começa a perder-se a ideia de que algo está a mudar.
Na minha opinião, o que se passa é que Portugal se fartou. Cansou-se da pressão, dos disparates e da porcaria. E foi de férias. Deixou os políticos e os jornalistas a falar sozinhos e foi para o Algarve. Volta em Setembro. Lá para dia 20, mais ou menos. E nessa altura ligará a televisão para ver se alguma coisa mudou.
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