sexta-feira, abril 28, 2006

intenção

Do ponto de vista do conteúdo, o argumento assenta na ideia de que na ânsia de procurarmos experiências verdadeiramente altas e nobres e lúcidas perdemos a capacidade de as identificar onde elas realmente podem existir: não para além de obstáculos inultrapassáveis ou em cartas interceptadas, mas nas experiências individuais de cada um.

quinta-feira, abril 27, 2006

Em compasso ternário


9 X 1 = 9
9 X 2 = 18
9 X 3 = 27
9 X 4 = 36
9 X 5 = 45
9 X 6 = 54
9 X 7 = 63
9 X 8 = 72
9 X 9 = 81

quarta-feira, abril 26, 2006

Tralha


O silêncio que resulta da fragilidade de pedir duas carcaças numa pastelaria industrial, é apenas igual, à delicadeza que surge na pergunta honesta "quer bem ou mal cozidas?"

segunda-feira, abril 24, 2006

tralha


És feliz?
Não tenho razões para não ser.

Psicologia

Gostava de ter estudado psicologia. Para perceber melhor por que fazemos certas coisas. O meu único medo é que as coisas não tivessem depois metade do encanto.

Para reduzir o défice das contas públicas

Vital Moreira propõe. Até à 5.ª medida, concordo plenamente.

sexta-feira, abril 21, 2006

chá e tostas

O que encanta no pão com manteiga, não é o pão, nem a manteiga. É a emoção que nasce do contacto íntimo entre o vegetal processado, e o animal coalhado. Mais que uma representação, é a expressão que fica.

quarta-feira, abril 19, 2006

O meu pais ideal

Um presidente


Um primeiro-ministro



Uma maioria

4000 velas

De um apelo na blogosfera nasceu a ideia de acender 4000 velas, marcando os 500 anos do massacre de 19 de Abril de 1506, em Lisboa. Uma vela por cada vítima.
Parece-me uma boa oportunidade para testar duas coisas: o poder actual dos blogs e se o orgulho nacional que atravessa este país de bandeiras desbotadas à janela também lhe permite aceitar as coisas mais feias que nele foram feitas.
Deste massacre nunca ninguém me falou na escola. O que são 4000 judeus ao pé dos feitos gloriosos que deram novos mundos ao mundo...

Na sequência do post anterior




Sugiro uma visita a este site. Lá poderás escolher o teu próximo líder.

Um abraço,




ainda que atrasado, de Boa Páscoa aos deputados da nação.
Obrigado por não nos deixarem esquecer a vossa mediocridade.

quinta-feira, abril 13, 2006

JUNTO AO MONDEGO, NUM DIA CINZENTO, AO LADO DO BARCO "BASÓFIAS" - toda a verdade

Tudo me parecia um pouco sinistro, e não encaixava nada bem. Estava eu a fazer os primeiros cálculos para um projecto que a NASA me encomendou e simultaneamente a rever mentalmente a partida de xadrez que disputei na passada semana com o meu amigo Kasparov, sentado numa esplanada à beira Mondego, com as agradáveis vozes de jovens brasileiras que serviam à mesa, quando algo estranho me chamou a atenção. Um tipo velhote, barba branca e cabelo comprido, lançava fulminantes olhares de ódio, por cima de um jornal, a duas senhoras iguais a quaisquer duas outras que se podiam encontrar em qualquer esplanada do mundo.

Os cálculos saiam-me bem e não conseguia esconder o sorriso pelas imagens da minha retumbante vitória no xadrez. Que grande jogo! Pobre Kasparov, já houve tempos, quando o conheci numa animada tertúlia a bordo do comboio que nos levava a Vladivostok, em que me dava luta.

Coimbra por trás. Aquela figura sinistra pela frente. O cabelo comprido a tentar parecer radical a contrastar com tudo o resto. Sempre achei que devia haver algo de muito errado com quem se esforça por parecer um intelectual. Passam alguns estudantes, de capa e batina. Os olhos do velhote enchem-se ainda mais de ódio. "Vão trabalhar, seus inúteis!", gritou-lhes enquanto tomava, à pressa, um comprimido. Esperou uns minutos, fechou a revista porno e a edição do Le Monde Diplomatique que a escondia e dirigiu-se para a Ferreira Borges, ainda a resmungar. Decidi segui-lo. Passou na Bertrand sem olhar, soltando apenas um resmungo que não pude perceber. Foi à loja das meias de onde saiu com três camisas e duas gravatas e seguiu para a Almedina. Não entrou e limitou-se a mais uns resmungos, de que consegui ouvir as palavras, "Paris", "Bruxelas", "Lisboa" e "provincianos". Seguiu para a Visconde da Luz e só parou junto às escadas, onde, olhando para as paredes, os seus olhos brilharam pela primeira vez de alegria. Correu para a esquina da rua, olhou para os dois lados e arrancou da parede os papéis de funerárias que ali estavam. Dobrou-os cuidadosamente e meteu-os no bolso do casaco. Voltou a olhar para os dois lados e seguiu para a Praça 8 de Maio, agora mais contente. Descia a Visconde da Luz quando percebo que não sou o único a seguir o homem. Atrás de mim dois estudantes trajados seguiam-no tirando apontamentos. Dirigi-me a eles e perguntei-lhes quem eram. Informaram-me que eram estudantes de Psicologia. Estavam a fazer o seu trabalho final de licenciatura sobre distúrbios de humor causados por complexos de superioridade associados a sentimentos de ódio. Voltei para trás, ainda a pensar naquela genial abertura.

terça-feira, abril 11, 2006

CPE e os estudantes em França - a falácia

"É sabido que um mercado laboral rígido causa desemprego entre os jovens, impede a mobilidade social, retarda as mudanças necessárias."

Frase mais falaciosa sobre o assunto que esta do João Miranda no Blasfémias seria difícil... A velha técnica de utilizar uma verdade geral que não se aplica ao caso particular em todo o seu esplendor. O que faltou dizer é que a flexibilidade do mercado laboral que pode permitir que os jovens, especialmente os qualificados, entrem no mercado é a flexibilidade de TODO o mercado.

Ao flexibilizar só o mercado dos mais jovens o governo francês manteria a protecção aos trabalhadores "instalados" - insiders - enquanto os jovens não só não viam aumentadas as possibilidades de competirem com eles por um emprego como ganhavam anos de precariedade e, se bem conhecemos o empresário mediterrânico (convém notar que o entrave mais significativo a um maior desenvolvimento da economia francesa é a cultura da cunha nas contratações e da sucessão familiar na direcção das empresas, que nós por cá tão bem conhecemos), de exploração.

Coincidência



Um grande dia para Itália. Berlusconi perde as eleições e foi preso Bernardo Provenzano. Il capo di tutti capi foi preso em Corleone, onde foi visitar a família.
Coincidência? Não acredito nelas...

segunda-feira, abril 10, 2006

Portugal

Ao contrário do que diz o nosso colega italiano, não somos um blog do Brasil mas de Portugal. Mas hoje tudo se desculpa. Hoje ao fim do dia, ele e eu, em países diferentes, festejaremos o mesmo resultado!
Sono un coglione anch'io!

Eu nem tenho dito nada

para não dar azar. Mas acho que é hoje...

quinta-feira, abril 06, 2006

Solamente me pongo en vez en cuando




Extremo duro, Me estoy quitando

Lá como cá

Suspeito que, lá como cá, até depois de casados os meninos continuam a viver à custa da família...

A ITÁLIA DOS "MAMMA BOYS"

Vivem em casa dos pais, não ganham mais de mil euros e mesmo quando ganham não arriscam. Não contam nem na demografia nem na campanha eleitoral.

O que faz de Roma uma das capitais mais visitadas do mundo é o mesmo que impediu sempre o metropolitano da cidade de se desenvolver. "Obras de arte por todo o lado, sim, é verdade. É no meio disto que se vive em Roma", diz Fabrizio Turchetti. Mas este romano de 27 anos abdicaria amanhã da casa dos seus pais onde vive e trocaria um quotidiano feito no centro de todos os tesouros por uma casa nos subúrbios: "E nem precisava de ter carro, nunca faria um empréstimo para comprar um carro novo, bastava que o metro me levasse mais ou menos rapidamente da casa ao trabalho."
A verdade é que a Fabrizio Turchetti não falta só o metro. Precisava antes de um emprego ao qual correspondesse um salário real. "Com isso começava a fazer as malas."
Nem todos os italianos pensam assim. Na Itália de hoje, com uma das maiores esperanças de vida do mundo, idêntica à da Suécia e do Japão, e mais de metade da população acima dos 40 anos, os jovens saem cada vez mais tarde de casa. Têm menos filhos e têm-nos mais tarde, muito mais tarde. Fabrizio diz que isto acontece em parte "porque os italianos não querem deixar a boa vida".
Geração Mil Euros é o título de um livro assinado por dois jovens de Milão, alguns anos mais velhos do que Fabrizio. Foi disponibilizado há alguns meses na Internet e mais de 24 mil downloads depois os direitos foram vendidos para o cinema. Claudio, o protagonista, é inspirado na vida dos dois autores, Alessandro Rimassa e Antonio Incorvaia, 31 anos e muitos empregos no currículo. Mil euros de salário.

"Se ganhasse mil euros, casava"
Segundo um estudo publicado este ano, 89,2 por cento dos italianos entre os 17 e os 24 anos ganham menos do que isso. No grupo etário de Rimassa e Incorvaia, dos 25 aos 32, são cerca de 65 por cento os que não chegam a este valor. Cláudio, o herói dos jovens jornalistas de Milão, tem 27 anos e não deixa de viajar, jantar fora ou comprar roupa. O que não fez foi sair de casa. "Se ganhasse mil euros casava amanhã!" E pronto. "Para a casa sim, faria um empréstimo", garante Fabrizio. Não o faz porque depois de uma licenciatura em Economia na Universidade de Roma e de um mestrado em Buenos Aires ainda só conseguiu um contrato de seis meses numa consultora internacional que trabalha com empresas com projectos no Terceiro Mundo. Para além de ganhar 300 euros e não mil, com o tipo de contrato que tem não consegue um empréstimo. "O problema, mais do que social ou económico, é existencial. Penso que há uma precariedade existencial na geração com cerca de 30 anos, e isso deve-se principalmente a uma ausência de comunicação entre gerações", defende Mario Adinolfi. Aos 34 anos, Adinolfi considera-se muito ocupado: autor de um dos blogues mais lidos do país, tem um programa de rádio, assinou já vários livros sobre a juventude ou temas políticos. No blogue e na rádio tenta tratar o que considera ser "o mais grave problema de hoje em Itália". Por um lado, jovens numa situação mais precária que a francesa - "é interessante olhar para França, adultos que fazem uma lei para mudar a vida dos jovens sem falarem com eles, a diferença é que em Itália não se reage". Por outro, "uma sociedade completamente fechada em todas as áreas importantes" - os media, o ensino, as empresas. "É verdade que a economia está estagnada, mas isso é assim porque não se faz pesquisa, não se inova, não há cérebros jovens nas empresas."

"Preguiça instalada"
Nesta campanha eleitoral, os "mammones" ou "mamma boys" contam pouco. Quando Silvio Berlusconi propõe aumentar as pensões ou abolir o imposto sobre a propriedade para quem já possui casa, não é neles que está a pensar. "Os políticos que temos não falam para nós, falam na nossa situação como um problema, mas na realidade não querem saber", lamenta Adinolfi. Fabrizio Turchetti sublinha a "falta de coerência" no discurso dominante dos que têm a sua idade ou um pouco mais. "Todos dizem que têm problemas, lamentam não poder casar, fazer planos, pensar em ter filhos. Mas quando finalmente saem de perto dos pais é porque têm à espera casas com tudo", resume. "Mas tudo! Móveis caros, electrodomésticos, nada para construir, já tudo pronto." Para Adinolfi, que saiu de casa aos 20 anos e já esteve dez anos com contrato a termo, também "há uma responsabilidade que é nossa, dos jovens". "Uma parte está muito cómoda, é preciso perceber isso. Estão integrados no seu sistema familiar, são mantidos pelos pais e não vão à procura da sua vida. Temos uma geração
acomodada e sem vontade para fazer nada. Há uma preguiça instalada a que chamaria mesmo um complexo de depressão."



Texto do Público de hoje

quarta-feira, abril 05, 2006

tralha

A amizade pode ser terrível. Por vezes, estar com quem mais gostamos é assinar uma lenta asfixia.

terça-feira, abril 04, 2006

Portugal está assim porque

Ouvi hoje o Ministro Alberto Costa dizer, no âmbito da demissão do Director da Judiciária, que confiança é algo que o Ministro tem num Director e que nunca a falta de confiança de um Director num Ministro pode ser invocada para um pedido de demissão do Director.
Passaram mais de 30 anos, mas às vezes nem parece...

segunda-feira, abril 03, 2006

tralha

Gerir os créditos junto da pessoa com quem se vive, perdê-los,ganha-lo ou aplica-los, revela o doce vício pequeno-burguês de reproduzir na esfera privada as relações comerciais em que é mestre na sua esfera pública. Trazer a contabilidade para o amor é não só dar à ciência das contitas uma função que ela nunca pediu, como assumir o mais doce charme da burguesia.